Uma fazenda no coração da cidade

Foto: Envato

As hortaliças e temperos são produzidos por meio da hidroponia, sem a utilização de terra

Bruno Faustino

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Caminhando pelas ruas movimentadas da Praia do Canto, em Vitória, a capital do Espírito Santo, entre lojas sofisticadas e o vai e vem das pessoas, talvez você nem perceba que, bem ali, existe uma fazenda. Isso mesmo! Atrás de um bistrô acolhedor, uma fazenda urbana nasce em meio aos prédios altos e ao ritmo acelerado da capital capixaba, desafiando a ideia de onde os alimentos frescos são cultivados.

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Como assim? Uma fazenda no coração de Vitória? É exatamente o que esse empreendimento propõe: trazer o frescor direto do campo para a cidade, cultivando alfaces, manjericão e outros temperos sem um grama de terra.

A fazenda urbana usa um método de cultivo inovador: a hidroponia, em que as raízes das plantas crescem na água, absorvendo diretamente os nutrientes necessários. E o mais interessante é que esse processo não depende de solo, então qualquer espaço, mesmo em uma área urbana e valorizada como a Praia do Canto, pode se tornar um ponto de produção verde.

“Com a hidroponia, não precisamos de grandes espaços e nem de terra. As plantas se alimentam de uma solução rica em nutrientes que passa pelos perfis das estufas, permitindo que elas cresçam saudáveis e frescas, prontas para serem colhidas e servidas aos clientes”, explica a empreendedora e sócia da Cooltiva – Fazenda Urbana, Loreny Sofiatti.

Essa ideia, que começou lá fora, em grandes metrópoles como Nova York e Tóquio, chegou ao Brasil para mudar o modo como produzimos e consumimos alimentos em áreas urbanas. A proposta é simples: levar o frescor das fazendas até o cliente, oferecendo produtos colhidos no mesmo dia e sem desperdício.

A Cooltiva ocupa apenas 700 metros quadrados, onde duas estufas, equipadas com controle rigoroso de temperatura, umidade e luz, abrigam aproximadamente 15 mil hortaliças. E, para reduzir ainda mais o impacto ambiental, o empreendimento utiliza entre 8 a 9 mil litros de água, quase totalmente reaproveitados. Assim, com o mínimo de desperdício, o compromisso é garantir uma produção sustentável e inovadora.

Passeando pela estufa, chamam atenção pequenos cartões amarelos e azuis estrategicamente posicionados entre as hortaliças. Eles atuam como “armadilhas naturais” para pragas, substituindo o uso de pesticidas e protegendo o ambiente.

“Esse método simples, mas eficaz, mantém as plantas saudáveis sem interferências químicas, garantindo que tudo chegue até o cliente da forma mais natural possível”, completa a empreendedora.

A tecnologia se mostra em cada detalhe, desde a automatização das estufas, que diminui o contato humano e o risco de contaminação, até o controle de iluminação, que garante às plantas o ambiente perfeito para crescer.

Colhendo a própria salada

E as inovações da fazenda urbana não param por aí. Além das hortaliças tradicionais, o empreendimento aposta nos chamados ‘microverdes’, pequenos brotos com 40% mais nutrientes do que as plantas crescidas, que têm conquistado tanto o público quanto os chefs de cozinha. “Essas pequenas plantinhas, que esbanjam sabor e valor nutritivo, já são utilizadas em pratos de restaurantes locais, oferecendo um toque especial e saudável à culinária da região”, explica Loreny.

Para quem gosta de experimentar, os microverdes também podem ser comprados diretamente na fazenda, em pequenas porções prontas para serem colhidas na hora. Uma experiência única e quase interativa, que traz o frescor do campo à cidade de maneira charmosa e prática.

E para completar a vivência, o bistrô da fazenda oferece uma experiência gastronômica bem particular. Imagine escolher a sua salada direto das estufas e degustá-la ali mesmo, em um ambiente que combina o verde das plantas ao clima urbano de Vitória. “Quantas vezes você teve a oportunidade de comer uma alface recém-colhida, direto do pé?”, questiona Loreny, enquanto oferece uma salada crocantes que parece guardar todo o frescor que só a natureza proporciona.

É claro que, eu, o repórter, tive que experimentar. A minha avaliação: “O sabor é diferente, leve, com uma crocância difícil de encontrar nas verduras convencionais. É como se o paladar fosse transportado diretamente para o campo, mas sem sair da cidade”.

A fazenda urbana da Praia do Canto surge como uma resposta criativa para uma geração que busca alimentos frescos, sustentáveis e produzidos localmente. Em tempos onde sustentabilidade e tecnologia se tornaram palavras de ordem, essa pequena revolução verde prova que é possível unir o melhor dos dois mundos, trazendo a essência do campo para o coração da cidade.

Então, da próxima vez que passar pela região, não hesite: dê uma olhada atrás do bistrô e permita-se descobrir o sabor do frescor urbano. Aqui, o campo e a cidade se encontram, e cada folha colhida é uma prova de que inovação e natureza podem caminhar lado a lado.

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