“Turismo não se vende com paisagem: se vende com experiência”, diz superintendente do Sebrae ES

Bruno Faustino

Todo capixaba já escutou – ou disse – que o Espírito Santo é lindo. Montanhas verdes, praias douradas, um café premiado e tradições que misturam o Brasil inteiro num pedacinho de terra. Mas, para Pedro Rigo, superintendente do Sebrae-ES, repetir que o Estado é bonito já não basta. Ele afirmou que é hora de transformar essa beleza toda em negócio. Em vez de esconder o ouro, é preciso colocá-lo na vitrine. Em 2024, o Sebrae apostou alto no turismo como motor de desenvolvimento econômico. E os resultados – com quase 80 mil atendimentos – mostram que essa aposta está rendendo frutos.

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Nesta entrevista exclusiva ao portal Negócio Rural, Pedro fala com entusiasmo, propósito e um olhar de futuro sobre o turismo capixaba. Sem rodeios, ele defende que o Espírito Santo precisa se enxergar como produto. E, para isso, o turismo de experiência, rural, de base comunitária e até o quilombola são peças-chave de uma engrenagem que só está começando a girar.

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Negócio Rural – Por que o Sebrae tem apostado no turismo capixaba?

Pedro Rigo – Por uma necessidade. O Espírito Santo precisa parar de apenas dizer que é bonito e começar a viver o turismo como um negócio de verdade. Turismo não se vende com paisagem: se vende com experiência. A reforma tributária vai mudar tudo: os impostos serão cobrados no consumo, e o nosso Estado não é grande consumidor. Então, precisamos trazer consumo pra cá. E se temos belezas naturais, gente acolhedora e atrativos escondidos, por que não transformar tudo isso em experiência comercializável? Essa é a visão do Sebrae: fazer do turismo uma das matrizes econômicas mais importantes do Espírito Santo.

A gente pode dizer que 2024 foi um ano importante para o Sebrae no negócio chamado turismo?

Sem dúvida. Em 2024, o Sebrae colocou o turismo na linha de frente, como propósito mesmo. Partimos para uma transformação territorial, com foco no empreendedorismo e no desenvolvimento do turismo como pilar econômico. A estratégia deu certo: criamos uma rede, colhemos resultados concretos e vamos continuar essa jornada nos próximos dois anos com muito mais força.

Em 2024, foram investidos R$ 28 milhões, 19 mil empresas atendidas e 33,8% dos pequenos negócios do turismo alcançados. Os números impressionam?

Impressionam e mostram resultado. São quase 58 mil empresas ligadas ao turismo no Espírito Santo, e conseguimos atender quase 20 mil delas. Foram cerca de 80 mil atendimentos em 2024. Isso mostra que o Sebrae foi direto ao ponto, esteve ao lado do empreendedor, ajudou a virar a chave. A gente motivou, preparou, orientou. E isso se reflete nas experiências que foram fortalecidas e nos territórios que passaram a respirar turismo com mais intensidade.

Pindobas, em Venda Nova do Imigrante, virou a sede do Polo Sebrae de Turismo de Experiência. Foi uma escolha simbólica?

Foi mais que simbólica. Pindobas é nosso laboratório. Recebemos o desafio do Sebrae Nacional de liderar o turismo de experiência e encampamos com vontade. Aquilo ali não é só um espaço bonito: é um campo de teste para tudo que envolve turismo de experiência – da gestão ao produto final. O turista precisa ter onde ir todos os dias do ano, e é esse modelo que queremos replicar. Em Pancas, por exemplo, já temos um escritório voltado para turismo de aventura. Onde o município quer fazer turismo com seriedade, o Sebrae está junto.

O agro, a vida simples do campo, o empreendedorismo rural… tudo isso ajuda a atrair o turista para o interior?

Muito! O turismo rural é um desejo real do consumidor. As pessoas querem viver a experiência do campo, entender o saber fazer da roça, participar da lida. Venda Nova é um exemplo, mas não é o único. Temos turismo rural brotando no Norte, como em Jaguaré e Pinheiros, com cafés especiais e vivências no agro. Só em Jaguaré, preparamos 42 propriedades no ano passado. Isso mostra que o turismo rural capixaba tem força, diversidade e uma chance enorme de crescer. E o Sebrae está incentivando isso com força, ao lado de parceiros como o SENAR e de secretarias municipais.

Vamos pegar Guarapari como exemplo: além das praias, agora a montanha também está entrando na rota, com Buenos Aires, certo?

Guarapari é muito mais que praia. A região tem montanhas, áreas rurais e gastronomia forte, como vemos em Buenos Aires. E agora, estamos olhando com atenção para o turismo de base comunitária. Em 2025, vamos trabalhar com comunidades tradicionais, como os quilombolas de São Mateus e Conceição da Barra. Já temos uma rota quilombola sendo construída. O nosso foco agora é transformar beleza em negócio – com estratégia, com comercialização, com produto. O turista gosta, mas o empreendedor precisa viver disso.

Como você espera terminar o ano de 2025?

Com o Espírito Santo cheio de produtos turísticos prontos, organizados e conhecidos. Quero ver o capixaba e o brasileiro comprando experiências daqui nas prateleiras das agências. É esse o nosso sonho, e é para isso que estamos trabalhando.

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