Superintendente do Senar-ES fala das ações desenvolvidas em prol do agro capixaba

Fotos: Divulgação

Texto: Julio Huber

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A superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Espírito Santo, Letícia Toniato Simões, concedeu uma entrevista à Revista Negócio Rural e falou sobre os avanços e conquistas de 2024 aos produtores rurais, e se disse otimista com 2025.

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Letícia destacou o programa Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), que leva capacitação aos produtores rurais e que contribui para a melhoria da qualidade de vida no campo. Na entrevista, Letícia destaca ações importantes desenvolvidas pelo Senar-ES.

Revista Negócio Rural – Terminou mais um ano. E qual é sua avaliação sobre as ações e serviços realizados pelo Senar-ES para as famílias de agricultores capixabas?

Letícia Toniato Simões – Entendo que as ações e as realizações foram superpositivas porque a gente está alcançando o maior número de produtores, famílias rurais capixabas, por meio da nossa Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) e por meio dos nossos treinamentos, capacitações.

Então, eu vejo como positivo o ano de 2024, tanto para o produtor rural quanto para o Senar-ES, principalmente no campo da cafeicultura e da cacauicultura, que tiveram um valor significativo de reconhecimento e valor agregado referentes ao café e ao cacau. Então, isso também tem deixado as famílias um pouco mais tranquilas com o resultado desse trabalho, que vem com a lucratividade da atividade.

Sobre o Programa ATeG, quais foram os destaques de 2024? Em qual área agrícola o programa mais cresceu e hoje quantos produtores capixabas são atendidos pelo ATeG?

A cadeia produtiva que mais se destaca dentre os assistidos pela ATeG é a cafeicultura, que já é o grande destaque do Espírito Santo. Dentre o total de propriedades atendidas, 57% são relacionadas ao café. A ATeG também tem se destacado no trabalho com a bovinocultura de leite, atuando como um diferencial para os produtores atendidos.

Apesar do ano difícil, marcado pela desvalorização do preço do leite pago ao produtor rural, o programa ajudou a minimizar os prejuízos dentro dessa cadeia produtiva. Entre os setores produtivos atendidos pela Assistência Técnica e Gerencial, 23% são da bovinocultura de leite. 

Fechamos o ano próximos de alcançar 3 mil propriedades. Atingimos com sucesso a nossa meta de ingresso de 1.500 propriedades em 2024 e estamos confiantes que iremos bater novos objetivos em 2025.

Este ano, os cafeicultores do Espírito Santo venceram importantes concursos nacionais de qualidade, como o Coffee of the Year, em que os capixabas dominaram os pódios nas categorias Arábica e Conilon. E boa parte deles participaram do ATeG. É uma satisfação para o Senar fazer parte dessas conquistas?

Satisfação total! De ver que realmente entregamos um produto de qualidade com a ATeG, que tem feito a diferença na vida dos produtores rurais capixaba, tanto nacionalmente, quanto a nível local, e um exemplo foram justamente essas conquistas na SIC (Semana Internacional do Café). Além de outros reconhecimentos, como concursos que estão sendo feitos nos municípios também, onde a gente tem um número ainda maior de participação de produtores assistidos pela ATeG.

Então é gratificante para o Sistema Faes / Senar-ES, ver que temos um programa que faz a diferença na vida do produtor rural, principalmente dos produtores de café, tanto o arábica, quanto o conilon.

Leticia Toniato se disse otimista para 2025, após o termino de 2024 com conquistas

A falta de mão de obra no campo é uma realidade. De que forma o Senar-ES vê essa questão e o que tem sido feito para ajudar a minimizar esse gargalo no campo?

Realmente, hoje um dos grandes desafios do meio rural é a questão da mão de obra. A gente tem inserido novas tecnologias no campo, para poder minimizar esse processo de falta de mão de obra, que hoje atinge não só o Estado, mas o Brasil. A tecnologia é uma ferramenta importante para poder minimizar esse gargalo de falta de mão de obra.

A gente também tem feito muitas divulgações de todos os treinamentos, porque o Senar não só qualifica o produtor rural e as suas famílias, ele também atua diretamente com o trabalhador rural, aquele que está no mercado sem oportunidade, que às vezes está desempregado, que não tem uma ocupação, ou que quer uma ocupação diferente.

Buscamos, por meio dos nossos canais, divulgar cada vez mais a importância das pessoas se qualificarem dentro das nossas linhas de atuação do agronegócio. Então, essas são as vertentes que apostamos: a qualificação, a divulgação e a questão de usar a tecnologia como ferramenta para minimizar esses impactos da ausência dessa mão de obra.

Em 2024, quais foram as principais conquistas para os agricultores no âmbito político e de legislações, que tiveram a participação do Senar, seja a nível estadual ou nacional?

Em 2024, os agricultores alcançaram importantes conquistas, com a atuação do Sistema CNA/Senar, da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) e de seus parceiros. No âmbito legislativo, podemos destacar a colaboração no ajuste da lei de bioinsumos, que garantiu a produção on farm, e a contribuição para as regras de rastreabilidade bovina. No Espírito Santo, houve a redução do ICMS do café conilon de 12% para 7%. Já o Brasil tornou-se livre de febre aftosa sem vacinação.

Também fomos atuantes da COP 29 para promover avanços no mercado de carbono e assegurar o debate sobre segurança alimentar com produção sustentável na COP30. A Faes também se destacou em parcerias estratégicas com o Tribunal de Contas da União, o Tribunal de Justiça, por meio do Ônibus Rosa da Lei Maria da Penha no Elas no Agro, e o Governo do Estado, ampliando ações voltadas ao setor rural.

O Agrinho é um programa de sucesso do Senar-ES e que leva conhecimento para estudantes capixabas e premia os destaques. Na sua opinião, como o programa contribui para o futuro da agricultura no Espírito Santo?

É importante a gente destacar que o Agrinho é um programa de responsabilidade social e em 2024 ele completou 20 anos no Espírito Santo. É um programa que foi criado no Paraná, e trabalha a questão de ética, cidadania e sustentabilidade.

A gente entende que é por meio das crianças que moldamos o nosso futuro. Começamos lá na base, com as crianças e os jovens, para que tenhamos uma sociedade com formação e informação, e que possa realmente fazer a diferença, já que é por meio da educação que você transforma as pessoas, e as pessoas transformam o mundo.

Nós vemos que essa transformação ocorre quando estamos diretamente ligados a essa base, lá naquela comunidade pequena, naquela escola do interior, onde a gente mostra àqueles alunos que têm um mundo pela frente. Neste ano, o Agrinho alcançou cerca de 100 mil alunos e mais de 7 mil educadores, em 700 escolas de 62 municípios capixabas.

Todos participaram e se envolveram nos mais diversos projetos com foco no tema “Herança Sustentável, semeando o futuro”. E é vendo esses números que a gente acredita que o amanhã depende do que a gente está fazendo hoje. E o Senar-ES está fazendo.

O Senar-ES também estimula a participação feminina no setor agrícola. O evento “Elas no Agro Capixaba” é um exemplo. Ações como esta estimulam as mulheres a assumirem cada vez mais o papel de gerenciamento das propriedades?

Sim, é um momento que a gente dá a elas vez e voz. Apresentamos oportunidades, como de empreendedorismo. Trabalhamos com mulheres do campo, não só no programa Elas no Agro, mas também em outras ações e capacitações que o Senar dispõe. Mostramos para a sociedade o quão importante é a mulher, e a diferença que ela faz no meio que ela vive. A gente foca no rural, mas o mesmo serve para o urbano.

Já havia sido criada a Comissão Nacional de Mulheres do Agro, da CNA, e lançamos no evento a Comissão de Mulheres do Agro do Espírito Santo, como uma forma de conectar umas às outras e elas ao mundo. Há uma importância em conectar essas mulheres com as oportunidades que elas têm, porque às vezes elas estão naquele mundinho delas e não têm acesso às possibilidades, portanto é essencial criar essa rede.

E para 2025, quais são as perspectivas do Senar-ES?

Positivas, como sempre! Aprendendo com as famílias rurais: terminamos um ano bom, mas a expectativa é sempre que o ano seguinte seja ainda melhor. A gente fecha esse ciclo de 2024, otimista para que em 2025 a gente possa colher frutos ainda maiores e que a gente possa continuar fazendo a diferença na vida dessas pessoas.

Levando mais capacitação, aumentando o número de pessoas capacitadas, o número de pessoas conectadas com o sistema e alcançando mais pessoas. Em conjunto com a Faes, nós fazemos parte de um sistema e levamos como importante lição que nenhum de nós é melhor que todos nós juntos.

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