Queijo artesanal de Minas Gerais é declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco
Foto: Freepik
Que o queijo mineiro é um produto típico e apreciado no Brasil, isso não se discute. Agora, essa iguaria mineira ganhou um título internacional. O “Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal” foi oficialmente declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, na última quarta-feira (4), durante a 19ª sessão do Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em Assunção, Paraguai.
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Com isso, o Queijo Minas Artesanal (QMA) se torna o primeiro item gastronômico brasileiro a integrar a prestigiada lista. “É muito positivo que Minas tenha reconhecido a importância dessa tradição e trabalhado para preservá-la, garantindo que ela seja transmitida às futuras gerações. Assim como países desenvolvidos valorizam seus vinhos, queijos e charcutarias, precisamos dar o devido valor ao nosso patrimônio. No Brasil, muitas vezes, a história e as tradições são pouco cultivadas. Essa conquista reforça a relevância cultural e econômica do queijo artesanal e nos convida a valorizar ainda mais este importante alimento derivado do leite”, comemora o presidente do Sistema Faemg Senar, Antonio de Salvo.
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Segundo o presidente da Comissão Técnica do QMA do Sistema Faemg Senar, Frank Mourão, trata-se de um reconhecimento da diversidade, dos saberes e das práticas gastronômicas mineiras. “O QMA carrega uma técnica histórica, que remonta ao tempo dos colonizadores. É feito em pequenas propriedades rurais, com receitas familiares passadas de geração em geração, e com sabores que variam de acordo com a região onde é produzido”, explica.
O produtor Ewerton Sebastião de Almeida, de Diamantina, integrante da Comissão Técnica do Queijo Minas Artesanal da Faemg, participou da solenidade de anúncio no Paraguai. “Estou aqui com muita emoção e gratidão, representando todas as famílias produtoras do Queijo Minas Artesanal, que é feito há mais de 300 anos e atualmente conta com mais de 9 mil produtores de 10 diferentes regiões do Estado de Minas Gerais. Defender os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal vai muito além de preservar o produto em si, significa perenizar a nossa cultura, nossas tradições, a nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros, exaltar o nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais com perpetuação da nossa arte em forma de queijo”, declarou.
WEBSÉRIE – Para comemorar a conquista, o Sistema Faemg Senar lançou a websérie A Arte do Queijo Mineiro, que explora a história, cultura e singularidades do QMA. O público poderá conferir a partir desta tarde um pouco do que será contado ao longo dos 10 capítulos. Na primeira parte, o professor José Newton Coelho de Menezes ressalta que o reconhecimento é uma forma de proteger o saber ancestral e garantir sua transmissão às próximas gerações.
O especialista Elmer de Almeida explica que o uso de leite cru e do “pingo” – uma espécie de fermento natural obtido do próprio processo – é fundamental para conferir ao QMA suas características inconfundíveis. “Cada região imprime no queijo uma assinatura única, que é resultado do clima, da vegetação e do manejo dos produtores”, ressalta.
Com larga experiência em regulamentação da produção artesanal, o gerente de relações Institucionais e Governamentais do Sistema Faemg Senar, Altino Rodrigues, destaca o papel das políticas públicas e associações na superação de barreiras, como normas sanitárias. Ele relembra iniciativas marcantes, como a primeira viagem de produtores mineiros à França, que permitiu o intercâmbio de conhecimentos e valorizou o queijo mineiro no mercado internacional. A websérie poderá ser vista no YouTube do Sistema Faemg Senar.
Fonte: Sistema Faemg Senar
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