Prêmio Fairtrade estimula projetos inovadores na cafeicultura e citricultura brasileira
Fotos: Julio Huber e divulgação
Julio Huber
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Plantar, cultivar, colher e comercializar. Para completar esse ciclo produtivo e os alimentos chegarem à mesa do consumidor, os agricultores e agricultoras brasileiras enfrentam alguns desafios em cada etapa do processo. Mesmo com o conhecimento chegando cada vez mais fácil no interior, a agricultura familiar ainda tem uma desvantagem se for comparada com os grandes produtores, mas essa não é a realidade de quem faz parte de uma associação ou cooperativa agro.
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Além disso, as organizações de produção de laranja e café que integram o Comércio Justo no Brasil, possuem vantagens ainda maiores, com auxílios que vão desde a orientação no plantio, durante a produção e seguem até a comercialização.
Além de receberem todo o suporte necessário da Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR) e da Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (CLAC) para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos, os pequenos agricultores e agricultoras também conseguem acessar mercados internacionais e recebem diversos benefícios extras que fazem toda a diferença na melhoria da qualidade de vida no campo.
Um desses diferenciais é o chamado Prêmio Fairtrade, que é um valor adicional pago aos produtos certificados. As organizações recebem o prêmio pelos produtos comercializados como Fairtrade, para ser investido de forma coletiva na melhoria das condições de vida das famílias e comunidades onde são produzidos esses alimentos. A forma como esse recurso é utilizado varia em cada organização, e todas as decisões são tomadas em conjunto com os cooperados e associados.
O Comércio Justo (Fairtrade) estabelece e defende que as relações comerciais sejam mais justas e equitativas entre todos os atores envolvidos – produtores, compradores e consumidores. Para atingir tais objetivos, a certificação Fairtrade assegura o pagamento de um preço mínimo pelo produto, ou seja, um valor que cubra os custos de produção e forneça uma remuneração digna para os produtores e trabalhadores envolvidos no sistema.
SUSTENTABILIDADE – O presidente da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos de Nova Resende e Região (Coopervitae), Alessandro Marcos Miranda, explica que com o valor recebido como prêmio, foram construídas usinas fotovoltaicas, cuja energia gerada pelo sol, é distribuída entre os cooperados e para entidades filantrópicas de Nova Resende (MG), onde fica a Coopervitae.
“O projeto custou R$ 720 mil e pensamos em ampliar o projeto conforme o aumento do número de cooperados. Sem o valor do prêmio, seria impossível executar esse e outros projetos que já realizamos. Pensamos em geração de energia limpa, pois queríamos um projeto que tivesse o tripé da sustentabilidade. A energia fotovoltaica é a que mais se encaixou, pois conseguimos ajudar economicamente as famílias dos nossos produtores, principalmente na parte social, onde ajudamos fazendo doações de cotas a entidades filantrópicas de nossa cidade, e na parte ambiental, levando uma energia limpa e renovável”, explicou.
Em média, mensalmente, cada família cooperada recebe R$ 100,00 por mês de economia na conta de energia, e cada entidade recebe o crédito de cerca de R$ 700,00.
ESTRUTURA – Investir em melhoria da estrutura também é uma opção de algumas organizações no uso do valor recebido pelo Prêmio Fairtrade, como é o caso da Cooperativa de Agricultura Familiar e Solidária do Paraná (Coacipar), que fica na cidade de Paranavaí (PR). De acordo com o supervisor de matéria prima, Marcos Roberto Hawerroth França, com a ampliação, a indústria está pronta para processar 1,5 milhão de caixas de laranja de 40,8 quilos cada, por ano safra.
Segundo ele, para a safra 2022-2023 pretende-se processar 800 mil caixas de laranja, que serão transformadas em suco concentrado para exportação, óleo essencial, óleo D’Limonene e suco para o mercado interno. Marcos enfatizou que o Prêmio Fairtrade foi o pontapé inicial para a construção da indústria, que também contou com recursos financeiros de instituições bancárias.
“A Coacipar iniciou suas atividades em 2012 e entregava toda sua produção para uma indústria da região, onde era feito o processamento da laranja entregue pela Cooperativa. O suco das laranjas dos cooperados era exportado em nome dessa empresa, que fazia o pagamento à Coacipar”, relatou.
Em 2020 a empresa encerrou as atividades e a cooperativa não tinha a quem enviar as laranjas. Foi aí que nasceu a ideia de construir a própria indústria, que começou as atividades em novembro de 2021 e, até 30 de abril deste ano, já havia processado mais de 191 mil caixas da fruta. “Agora, os cooperados serão beneficiados com a venda garantida e a longo prazo, com o lucro da indústria, além de terem garantia de entrega do produto com preço justo”, afirmou Marcos.
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