Pesquisa descobre conexão entre insetos da Mata Atlântica e dos tepuis venezuelanos

A história evolutiva da Massartella, gênero de inseto da ordem da Ephemeroptera, sugere que mudanças ambientais aconteceram há cerca de 66 milhões de anos, provocando o isolamento de populações de uma espécie ancestral das linhagens existentes hoje nos planaltos Pantepui, na Venezuela, e nas regiões montanhosas do bioma Mata Atlântica presente no sudeste e sul do Brasil até a Argentina. 

O estudo que chegou a esse resultado está publicado em artigo da revista Systematic Entomology e é parte da tese de doutorado de Felipe Gatti, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (PPGBAN) da Ufes, orientado pelo professor Yuri Leite. Ambos assinam o artigo, que também tem coautoria dos pesquisadores Frederico Salles e Tomáš Derka.

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Segundo os autores, “esse é o primeiro estudo enfocando a história evolutiva de Massartella, cobrindo a distribuição geográfica desse gênero na América do Sul”. A Massartella é um gênero atualmente composto por cinco espécies já descritas, sendo que duas vivem nas montanhas ao longo da Mata Atlântica (Massartella brieni e Massartella alegrettae) e três na Venezuela (Massartella venezuelensisMassartella devani e Massartella hirsuta). Os processos de diversificação das espécies começaram ao mesmo tempo nas duas linhagens.

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“Buscamos entender como acontecimentos do passado influenciaram a formação da biodiversidade de hoje”, disse Gatti. Para isso, foi feita a análise genética, utilizando DNA das cinco espécies já descritas e das oito em processo de descrição. “Foram 72 sequências de dois genes das 13 espécies”, informou o pesquisador. “O DNA contém informações, que podem ser lidas e interpretadas pelos cientistas, e dão pistas desses acontecimentos”, complementou. Ele conta que também foram usados dados de fósseis para calibrar a idade das relações filogenéticas entre as espécies.

ANCESTRAL – A espécie ancestral que deu origem às linhagens da Mata Atlântica e do Pantepui dos dias atuais existiu há cerca de 66 milhões de anos, entre o Cretáceo Médio e o Paleógeno. Os indivíduos foram separados por algum evento vicariante, que é um evento da natureza que provoca o isolamento de uma população por alguma barreira, como a formação de montanhas ou de um rio, por exemplo.

A América do Sul passou por uma complexa dinâmica geológica e paisagística, incluindo elevação de grandes cadeias de montanhas, mudanças no curso de rios, ciclos de incursões marinhas e retrações e expansões de habitat, que contribuiu para a origem da biodiversidade Neotropical e moldou o padrão de distribuição de espécies no continente”, afirmam os pesquisadores no artigo.

EFÊMERAS – Os insetos da ordem Ephemeroptera têm como característica uma vida efêmera, daí serem conhecidos com esse nome. Nas suas formas imaturas, chamadas de ninfas (foto acima A), desenvolvem-se na água. Quando se tornam adultos alados (foto acima B), vivem apenas alguns dias ou horas, o suficiente para se reproduzir, e morrem.

Fonte: Ufes

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