Frutas importadas pesam no bolso de empresários capixabas
Importações de frutas que não são produzidas no Espírito Santo estão preocupando comerciantes
Bruno Faustino
Perturbação da ordem, agitação, tumulto… Nunca o significado da palavra turbulência foi tão bem aplicado ao mercado econômico como atualmente. A semana começou de um jeito e terminou de outro, totalmente diferente. Tudo por causa da pandemia do novo coronavírus, algumas medidas de contenção e o “fantasma” de uma possível recessão mundial afetaram mercados pelo mundo.
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A quinta-feira, 12 de março de 2020, entrou para a história. Os principais índices do mundo despencaram mais de 10% depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “barrou” a entrada de passageiros procedentes da Europa por 30 dias. Na Inglaterra, o índice FTSE 100 caiu 10,87% (a maior queda em mais de 30 anos). Na Alemanha, o DAX cedeu 12,24%. O CAC 40 de Paris recuou 12,28% e o Ibex 35 desabou 14,06%. Já no Brasil, o Ibovespa registrou queda de 14,78%, a maior em quase 22 anos. O dólar chegou a custar R$ 5,00, mas encerrou cotado a R$ 4,7882.
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Tudo isso que está acontecendo na economia global afeta diretamente quem precisa importar produtos estrangeiros. Na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), em Cariacica, muitos comerciantes trazem de fora frutas que não são produzidas em território capixaba e já registram queda nas vendas.
“Eu tenho maçãs, vindas da Argentina, ameixa, do Chile, laranja, da Espanha, kiwis, da Itália, e peras, de Portugal. Nossas vendas de produtos importados, esta semana, já caíram 10%”, conta o empresário Ronaldo Valente, que possui uma distribuidora de frutas na Ceasa.
Mais de 446 mil toneladas de hortaliças, frutas nacionais e importadas, além de produtos importantes para a mesa do capixaba, como ovos, pescados e cereais, foram comercializados pelas Centrais de Abastecimento do Espirito Santo (Ceasa/ES) em 2019. A movimentação financeira resultou, ano passado, em um montante de R$1.073.714.469,03, segundo relatório Análise Conjuntural Anual da Comercialização de Hortigranjeiros.
Foto: Divulgação
“Com essa oscilação do dólar, muitos importadores não abriram venda para nós compradores, uma vez que não sabem o preço que terão que praticar e pra nós, esta semana, está muito tumultuada”
Ronaldo Valente – empresário
Apesar do cenário não ser dos melhores, o empresário Douglas João Orlandi, que também atua na Central de Abastecimento do Espírito Santo, em Cariacica, não diminuiu a compra de frutas importadas para atender os clientes e confia que o mercado irá reagir em breve.
“O meu importador continua comprando frutas e distribuindo pra gente. O preço está um pouco elevado, mas confiamos que essa situação seja passageira”.
Douglas João Orlandi – empresário
PESO NO BOLSO – Do total de produtos comercializados na Ceasa-ES, 42% são frutas. Argentina, China, Espanha, Holanda e a Noruega são as principais origens das frutas que vem de fora. E a alta dólar tem impactado muito no preço. “Na semana passada, eu comprava frutas com o preço 15% a 20% menor. O quanto antes esta turbulência passar, melhor. Nós dependemos disso e quanto mais vendemos, melhor nosso resultado. Essa oscilação no curto prazo afetou muito nossas vendas e também as nossas compras. Estamos comprando só o que necessitamos”, revela Ronaldo.
Fotos: Bruno Faustino
Os comerciantes alertam: se a cotação do dólar não baixar, o consumidor é quem vai pagar essa conta. “A gente até tenta diminuir a nossa margem de lucro para garantir o preço para o consumidor, mas se a alta do dólar persistir, não terá jeito. O consumidor terá que pagar mais caro, infelizmente, pelos produtos importados”, finaliza o empresário Douglas João Orlandi, que atua na Central de Abastecimento do Espirito Santo, em Cariacica.
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