Espírito Santo conquista sua 11ª Indicação Geográfica e 1ª do país para território de quilombolas

Foto: Divulgação/Sebrae

Mais de 30 comunidades quilombolas da região Sapé do Norte, no Espírito Santo, terão a partir de agora um selo de Indicação de Procedência dos beijus produzidos na localidade. Isto porque o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu, nesta terça-feira (20), o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) para a iguaria produzida nos municípios que compõem a região, como São Mateus e Conceição da Barra.

Anúncio

Com a decisão, o país passa a ter agora 128 registros formalizados – 90 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 38 Denominações de Origem (28 nacionais e 10 estrangeiras).

Anúncio

Clique aqui e leia uma reportagem especial sobre Indicações Geográficas!

Os beijus, que são um alimento de origem ancestral produzido em comunidades quilombolas, são feitos a partir da goma e da massa de mandioca e remontam a uma tradição passada de geração em geração. A atividade se tornou uma fonte de renda para as comunidades, além de ser um símbolo de resistência e reafirmação da identidade. De acordo com os registros, o beiju é fabricado no Sapê do Norte desde o século XIX, ainda no período escravista, quando comunidades quilombolas se estabeleceram na região dos municípios de Conceição da Barra e São Mateus, no Espírito Santo.

“É um momento histórico para as comunidades quilombolas. Esse reconhecimento representa uma valorização para os povos tradicionais que ali vivem e produzem. Por outro lado, o registro da Indicação Geográfica possibilitará o fortalecimento da produção e comercialização local com um processo de desenvolvimento local impulsionado pelo diferencial da iguaria”, conta a analista de Inovação do Sebrae, Hulda Giesbrecht.

PRODUÇÃO – Todas as etapas do processo produtivo do beiju são realizadas pelas comunidades quilombolas – desde a preparação do terreno para o plantio da mandioca até a finalização do alimento, que pode ser enriquecido com outros produtos, como coco e amendoim. Após 12 meses de cultivo do tubérculo, o produto é direcionado à casa de farinha, ou quitungo (como o espaço é chamado) para ser descascado e ralado.

Na sequência, é feita a extração da massa da mandioca, o descanso para a eliminação de toxinas e a manipulação da goma e polvilho, até, finalmente, chegar ao processo de preparo do beiju. Por fim, o produto é direcionado para a chapa com o recheio de preferência, depois fechado e cortado. Além de vender os produtos nos comércios locais e feiras, os empreendedores da região realizam anualmente o Festival do Beiju, desde 2003.

MERCADO – A presidente da Associação das Produtoras Quilombolas de Beiju do Sapê do Norte, Domingas Verônica Florentino dos Santos, vislumbra um maior acesso a mercados e o reconhecimento do produto, mais visibilidade além de gerar emprego e renda para as famílias quilombolas da região.

“Essa indicação geográfica representa muito para nós, pois há anos estamos lutando por um reconhecimento digno e humanitário para nossa cultura e tradição. Esse reconhecimento é um marco histórico para nosso povo, pois a partir dele teremos condições de adquirir políticas públicas e igualitárias, uma vez que nossa produção seja valorizada e reconhecida”, comenta Domingas Verônica Florentino dos Santos, presidente da Associação.

Domingas ressalta ainda a contribuição do Sebrae no processo de reconhecimento. “Foi fundamental, pois fez esse sonho sair do papel e esteve nos auxiliando desde a apresentação do projeto até a conquista do reconhecimento. Eles acreditaram que a associação iria conseguir adquirir essa vitória. A indicação geográfica abriu um leque de oportunidades para nós”, completou.

Indicações Geográficas – As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora.

O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

Fonte: Sebrae

Anúncio

Anúncio

Últimas notícias

Imigração Italiana ganha documentário que será lançado em seminário de turismo

Fotos: Julio Huber Máximo e Cacilda Lorenção participam do documentário que narra a ...

Boletim Logístico da Conab aponta variações nos preços de frete e desafios para o escoamento de grãos

Foto: Freepik O mercado de fretes e a logística de escoamento se destacam ...

Vaca brasileira chega a R$ 24 milhões e é considerada a mais valorizada do mundo

Foto: Divulgação Tri Grande Campeã da raça Nelore, com os títulos da Exposição ...

Cafés do Espírito Santo vencem o Coffee of the Year 2024

Fotos: Nitro/Semana Internacional do Café Paulo Roberto Alves, do Sítio Campo Azul, de ...

Abaixo-assinado mobiliza sociedade contra venda de fazenda do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

Foto: Iac/Divulgação Pesquisadores científicos, docentes universitários, parlamentares, sindicatos, produtores rurais e diversas pessoas ...