Documentário narra a saga dos italianos nas montanhas capixabas
Fotos: Julio Huber
Julio Huber
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Tutti Buona Gente – A saga italiana nas Montanhas Capixabas. Esse é o título do documentário que conta um pouco de como os primeiros imigrantes chegaram a Venda Nova do Imigrante, nas montanhas do Espírito Santo. Com muito trabalho, eles transformaram a cidade em um destaque estadual, reconhecida oficialmente como a Capital Nacional do Agroturismo.
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Produzido pela empresa Nova Comunicação, por meio de uma ideia de Andreia Rosa, moradora de Venda Nova do Imigrante, o documentário foi selecionado pela Lei Paulo Gustavo, do governo federal, por meio da prefeitura do município. O Sicoob Sul-Serrano também é apoiador da iniciativa.
O vídeo contém relatos de descendentes de imigrantes residentes no município, que contam um pouco de como o município se desenvolveu após a chegada dos italianos. Os moradores mantêm viva as tradições até os dias de hoje, seja por meio de manifestações culturais, da culinária, das festas e por tantos outros elementos que formam a identidade desse povo que atravessou os oceanos até chegarem ao Brasil, a partir do Espírito Santo, no ano de 1874.
Cleto Venturim, descendente de italiano e presidente do Sicoob Sul-Serrano, é um dos entrevistados do documentário. “Meu bisavô Amadeu foi o primeiro imigrante italiano a chegar onde hoje é o município de Venda Nova do Imigrante. Meu pai conta que os italianos que já estavam em Alfredo Chaves souberam das terras do alto e subiram, por volta de 1888. Eles vieram em busca de terras férteis”, relatou.
“Venda Nova era uma cidade pequena, tinha poucas famílias. Era mata pura. Depois foram subindo mais famílias. Por volta de 1915, tinha 16 núcleos familiares, mas que eram grandes”, relembra Máximo Lorenção, 95 anos.
Quem também lembra da época em que Venda Nova do Imigrante estava engatinhando como cidade é Clarindo Brioschi, 88. “Eram poucas casas. Eu me lembro quando a BR-262 foi iniciada. Eu até trabalhei na pedreira à noite para ganhar um trocado. Venda Nova era muito pequena, ‘eram fazendolas’, poucas famílias”, recorda.
Cilmar Franceschetto, diretor-geral do Arquivo Público do Espírito Santo, contou que os italianos começaram a chegar ao Estado a partir de 17 de fevereiro de 1874, na expedição Tabacchi, no navio La Sofia, que atracou no porto de Vitória, com 388 dos camponeses do Norte da Itália. Entretanto, os primeiros imigrantes só chegaram onde hoje é Venda Nova do Imigrante mais de 10 anos depois.
O documentário, com 26 minutos, ainda conta diversos aspectos do modo de vida em Venda Nova do Imigrante, como o retratado pela Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo, pela Missa das Dez, pela produção de café e por tantos outros modos de viver dos vendanovenses. O material pode ser assistido na categoria de vídeos do portal Negócio Rural (www.revistanegociorural.com.br) e também será disponibilizado pela prefeitura e exibido em eventos locais.
AGROTURISMO – O agroturismo, que surgiu no município após um intercâmbio de moradores na Itália, também tem sua história contada no documentário. Hoje a cidade é reconhecida nacionalmente como a Capital Nacional do Agroturismo, o que a torna uma referência no país e estimula o surgimento constante de novos negócios ligados ao setor.
Máximo Lorenção falou como começou a transformar sua propriedade em uma das mais visitadas em Venda Nova do Imigrante pelos turistas, ao lado da esposa Cacilda. Hoje o negócio familiar está na terceira geração.
“A gente fazia o socol, como todas as famílias, porque era uma maneira de conservar a carne, já que na época não tinha geladeira. Meu filho começou a pegar algumas peças e levar para a cidade. Foi quando os amigos falaram para ele fazer socol para o turista. O agroturismo estava iniciando. Foi quando começamos a fazer o socol para vender. No início fizemos umas 20 peças, porque não tínhamos condição de fazer muito”, contou.
Festa da Polenta foi criada para manter viva a cultura italiana no município
Os italianos são pessoas festeiras. E juntando ao espírito de coletividade, eles transforam uma ideia em um grande evento. Assim foi com a famosa Festa da Polenta, que em 2025 vai para a sua 47ª edição e começou pequena, mas hoje é uma das principais festas do Espírito Santo e que tem sua história contada no documentário.
Foi juntando fubá, água e sal que os descendentes dos imigrantes transformaram esse prato típico da culinária local em um dos principais atrativos do município, e serviu para projetar a cidade nacionalmente. E o tombo da polenta gigante é o momento mais aguardado. Aliás, os mais de 15 tombos em cada edição da festa.
“A ideia de fazer uma polenta gigante surgiu em uma viagem que eu fiz em 1997. Trouxe essa ideia e quando sugeri produzir uma panela gigante, acharam que eu estava louco. Hoje são consumidas até 20 toneladas de polenta em cada festa, e tudo feito nos panelões e acompanhando por todos os participantes”, contou o presidente da Associação Festa da Polenta (Afepol), Tarcísio Caliman.
A polenta foi se transformando e hoje é item indispensável nos diversos restaurantes e até em pousadas, como na Altoé da Montanha, onde os hóspedes tomam um café da manhã com queijo, polenta, ovo, banana, linguiça e outras delícias preparadas e cima de um fogão a lenha móvel.
COOPERATIVISMO – Os descendentes de italianos são conhecidos pelo espírito de coletividade, e o cooperativismo é um exemplo. “O cooperativismo é o espírito comunitário que os italianos trouxeram ao Brasil”, afirmou Cilmar Franceschetto.
Presidente do Sicoob Sul-Serrano, Cleto Venturim conta que a primeira cooperativa – de produtores agrícolas – foi criada oficialmente no município em 1947. “Eu inclusive tenho a ata dessa primeira cooperativa. Eles pensavam em trabalhar de forma conjunta, mas organizada, e a forma encontrada foi o cooperativismo”, destacou Venturim. Ele comentou que no município, que atualmente tem 23.831 habitantes (IBGE 2022) só o Sicoob tem mais de 16 mil cooperados.
Ficha técnica
- Direção: Bruno Faustino
- Produção: Andreia Rosa e Julio Huber
- Imagens: Larissa Vedoato e Rodrigo Eduardo
- Roteiro e Edição: Bruno Faustino
- Realização: Nova Comunicação
- Patrocínio: Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Prefeitura de Venda Nova do Imigrante e Sicoob
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