Do solo à sustentabilidade: práticas regenerativas transformam agricultura no Cerrado
Foto: Wanderson Manenti

A chave para o futuro da agricultura pode estar logo abaixo dos nossos pés. Com foco na saúde do solo e na construção de sistemas mais resilientes e sustentáveis, o Projeto Regenera Cerrado vem colhendo resultados promissores no sudoeste de Goiás, especialmente nas lavouras de soja e milho. As pesquisas realizadas mostram que práticas regenerativas são capazes de devolver vida ao solo, melhorar a produtividade e ainda proteger o bioma Cerrado.
A partir de técnicas como adição de matéria orgânica, rotação de culturas, uso de plantas de cobertura e bioinsumos, produtores participantes do projeto vêm observando uma melhora significativa na qualidade do solo – com mais retenção de água, maior ciclagem de nutrientes e acúmulo de carbono. “A biologia que devolvemos ao solo com boas práticas regenerativas o torna mais resiliente. Isso colabora com as lavouras, que suportam melhor as dificuldades climáticas que estamos vivendo”, explica Marion Kompier, produtora da Fazenda Brasilândia, em Montividiu (GO).
Esses e outros avanços foram apresentados no 3º Dia de Campo Regenera Cerrado, realizado nos dias 26 e 27 de março, na Fazenda Brasilândia. O evento reuniu mais de 400 participantes – entre produtores, pesquisadores, técnicos e estudantes – para conferir de perto os resultados práticos e científicos das ações implementadas nas fazendas do projeto.
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“Esse tipo de evento é essencial para difundir o conhecimento sobre agricultura regenerativa e incentivar outros produtores a seguirem esse caminho, mesmo que não estejam diretamente envolvidos no projeto”, afirma Jorge Gustavo, analista de Sustentabilidade da Cargill, empresa que patrocina o Regenera Cerrado.
Biologia do solo e combate natural a pragas
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Os resultados apresentados durante o evento confirmam: quanto mais diversidade e cobertura no solo, maior o equilíbrio biológico e a sustentabilidade da produção. As análises mostraram que propriedades com maior adesão às práticas regenerativas apresentam melhores indicadores bioquímicos, biológicos e microbiológicos.
Manter o solo coberto com vegetação ou palhada, por exemplo, favorece a atividade biológica, promove descompactação natural e melhora a infiltração da água. Além disso, essas práticas criam um ambiente menos propício ao desenvolvimento de pragas e doenças, reduzindo a necessidade de insumos químicos.
A coordenadora do projeto, Dra. Eliana Fontes, pesquisadora da Embrapa Cenargen, destaca que essas ações regeneram redes alimentares tanto no solo quanto na parte aérea das plantas. “Com esse diagnóstico, avançaremos agora para uma nova fase do projeto, testando tecnologias e aprofundando o conhecimento já adquirido para que mais produtores se sintam seguros em adotar práticas regenerativas”, completa.
Agricultura regenerativa com base científica e impacto global
Criado em 2022, o Projeto Regenera Cerrado tem como objetivo desenvolver e disseminar práticas regenerativas de cultivo de soja e milho que possam ser replicadas em larga escala, com respaldo científico. Além da Cargill e do Instituto Fórum do Futuro, o projeto conta com a coordenação operacional do Instituto BioSistêmico (IBS) e o envolvimento de 12 fazendas da região de Rio Verde (GO).
A força da iniciativa está na união de saberes. Nove instituições de ensino e pesquisa participam do projeto: Embrapa, Epamig, GAAS, GAPES, Instituto Federal Goiano, UFLA, UFRRJ, Unicamp e UnB.
A proposta é clara: promover um modelo de produção que respeite o meio ambiente, aumente a produtividade de forma sustentável e inspire agricultores no Brasil e no mundo. E tudo começa com o que antes era visto apenas como terra – mas que hoje é reconhecido como um ecossistema vivo e essencial para o futuro da agricultura.
Fonte: CDI Comunicação
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