Chances de La Niña aumentam e fenômeno pode afetar produção de café e gado no Brasil

Mapas divulgados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) mostram a atuação do fenômeno

Novas análises realizadas pelo professor e climatologista Luiz Carlos Molion, apontam que o Pacífico Central começou a apresentar anomalias de temperaturas negativas nas últimas semanas, indicando que pode tanto se manter no modo neutro/frio ou desenvolver um La Niña com baixa intensidade. Molion destaca que as condições precisam continuar sendo avaliadas nas próximas quatro semanas para saber se o La Niña de fato deve acontecer esse ano. Vale lembrar que anteriormente, as previsões indicavam a atuação do fenômeno apenas em 2022.

“O curioso é que esse resfriamento está começando no centro e não na costa leste (Peru e Equador), como costuma ser um “resfriamento clássico”. Em geral, os ventos de leste (Alísios) se aceleram, e empurram e retiram as águas costeiras superficiais do Pacífico, por atrito, em direção à Linha da Data (Pacífico Central). Por continuidade de massa, águas frias subsuperficiais sobem à superfície esfriando as águas costeiras e se propagando em direção ao Pacífico Central. Esse é o início de um La Niña clássico”, explica Molion.

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Ainda de acordo com o professor, as anomalias apresentadas indicam que as águas frias estão aflorando no Pacífico Central e não na costa. O Índice de Oscilação Sul (IOS), que compara a variação da pressão atmosférica sobre o Pacífico Tropical entre Tahiti (Polinésia Francesa) e Darwin (Austrália),  passou a ser ligeiramente positivo. “Valores de IOS positivos, em geral, estão associados ao evento  La Niña. A julgar pela distribuição das chuvas no país – excesso de chuva no Nordeste e déficit no Sul no período janeiro-março –  parece que a atmosfera já esteja se comportando como se estivesse em condições de La Niña desde o início do ano, mesmo com o Pacífico neutro”, explica.

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INVERNO RIGOROSO

Molion destaca ainda que o produtor precisa estar atento, caso o La Niña seja confirmado, levando em consideração que os invernos associados ao fenômeno tendem a serem mais rigorosos, aumentando a probabilidade e o risco de geadas severas. Alerta para a região do café no sul de Minas Gerais e áreas do Mato Grosso do Sul. “Temperaturas baixas são nocivas também para o gado de corte, particularmente o Nelore, que pode morrer de hipotermia no pasto devido às baixas temperaturas”, comenta.

O climatoligista reforça ainda que quando o inverno, entre dezembro e março, nos Estados Unidos e Canadá é mais rigoroso, nosso inverno seguinte [6 meses depois] também é rigoroso. “Portanto, preparem-se no sul de Minas, cuidado com o café plantado em bolsões sujeitos a geadas. Vamos continuar monitorando as temperaturas do Pacífico para observar sua tendência nos próximos meses”, finaliza. 

Fonte: Notícias Agrícolas

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