Ceará conquista registro de Indicação Geográfica com o algodão de Inhamuns

Foto: Nildo Vasconcelos/SDA-CE

O algodão agroecológico do Inhamuns, no Ceará, acaba de receber o registro de Indicação Geográfica (IG) por Indicação de Procedência (IP). A região compreende os municípios de Tauá, Independência, Parambu, Boa Viagem e Novo Oriente. O selo foi concedido à Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá e Região do Inhamuns (ADEC), que fez o pedido em dezembro de 2022.

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Esta é a 121ª IG concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no país e a quarta do estado, que já conta com outros registros: o camarão marinho produzido em cativeiro nas fazendas da região da Costa Negra; as redes de Jaguaruana; e a cachaça de Viçosa do Ceará.

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Segundo explica Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, as IG são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. “Significa dizer que o produto foi reconhecido pela sua inovação, qualidade, produtividade e sustentabilidade. A IG confere importância ao que é produzido em determinado território, resgata e reconhece a sua herança histórico-cultural, que é intransferível”, explica.

Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. “Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada. É um passaporte para acessar novos e melhores mercados”, complementa Hulda.

De acordo com a documentação apresentada ao Inpi, a produção de algodão na Região dos Inhamuns remonta ao século 18. Porém, foi apenas no fim do século 20 que essa área geográfica do interior cearense passou a ganhar notoriedade pelo cultivo, sobretudo com o aumento da produção.

Nesse sentido, a partir da década de 90, o desenvolvimento do algodão com características orgânicas estimulou o surgimento de uma rede de relações econômicas e sociais que tornaram a Região dos Inhamuns reconhecida pelo cultivo algodoeiro.

Deve-se ressaltar que a referida região do interior cearense é uma das grandes produtoras de algodão do Brasil, com clima e solo favoráveis ao cultivo, capazes de fortalecer uma cadeia produtiva que movimenta toda a localidade e vem proporcionando o crescimento da atividade.

Esse crescimento transbordou as fronteiras nacionais, com aumento das exportações para os Estados Unidos e a União Europeia (principalmente a França), ainda na última década do século 20, sobretudo com a inserção do algodão em arranjos produtivos sustentáveis e agroecológicos, que valorizam, por exemplo, a biodiversidade local.

O algodão produzido na Região dos Inhamuns é responsável pelo sustento de centenas de famílias envolvidas no plantio, cultivo, colheita, transporte, beneficiamento e comercialização. Conhecido como “ouro branco”, o produto transforma a vida dos agricultores, enquanto seu sistema agroecológico auxilia na proteção da natureza.

Especificações

Segundo o Caderno de Especificações Técnicas da IG, o sistema agroecológico possibilita o fornecimento de produtos livres de qualquer resíduo químico tóxico. O documento também dispõe que os resíduos gerados na cadeia produtiva precisam ser tratados, por exemplo, para fins de alimentação animal.

Outra determinação presente no Caderno é que as práticas de manejo empregadas devem contribuir para a manutenção da tradição do plantio do algodão e o equilíbrio do meio ambiente.

Essa preocupação com a biodiversidade rendeu, inclusive, um prêmio da Fundação Banco do Brasil na categoria especial Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico, o que reforça a importância e o reconhecimento do trabalho realizado na Região dos Inhamuns.

Fonte: Sebrae

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