ANA e IBGE lançam levantamento sobre uso da água na agricultura de sequeiro no Brasil

O milho e a cana-de-açúcar fora as cultura que apresentaram déficit hídrico no levantamento da Agência Nacional das Águas

Como ocorre o uso da água na agricultura de sequeiro, aquela que depende 100% das chuvas e da água armazenada no solo? Para responder a esta pergunta, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produziram o levantamento “Uso da Água na Agricultura de Sequeiro no Brasil (2013-2017)”. O estudo apresenta informações estratégicas para o planejamento do uso da água e o aperfeiçoamento de políticas agrícolas no País. 

No levantamento da ANA e do IBGE, o uso da água pela agricultura brasileira é apresentado numa perspectiva regional e das principais culturas no campo. Além disso, o estudo aponta para os déficits hídricos e riscos à produção agrícola, intensificados pelo clima desfavorável no período analisado, entre 2013 e 2017, em comparação às médias históricas em diversas regiões. Também aborda a produção em áreas ou calendários de maior risco produtivo. 

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De forma geral, o levantamento aponta que o consumo de água pela agricultura de sequeiro nas áreas colhidas é da ordem de 8,1 mil metros cúbicos por segundo, ou 8,1 milhões de litros a cada segundo, na média dos anos analisados. As culturas de sequeiro, porém, estiveram sujeitas a um déficit hídrico médio de água de 37%, sendo 30% em períodos mais críticos de desenvolvimento vegetativo e 7% de déficit no período próximo à colheita. 

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O déficit representa o quanto faltou de água para o pleno desenvolvimento das culturas e foi mais expressivo no milho e na cana-de-açúcar. Enquanto o milho é muitas vezes plantado em regiões e períodos de maior risco climático, a cana-de-açúcar também sofreu com o clima mais desfavorável que o histórico, apesar de ser bastante resistente ao déficit de água. 

Quando considerada a agricultura tanto de sequeiro quanto irrigada, o estudo da ANA e do IBGE constatou que a atividade consome cerca de 10 mil m³ de água por segundo, dos quais 92,5% provêm do ciclo hidrológico local (“água verde”, das chuvas e do solo) e 7,5% como aporte adicional via irrigação (“água azul”, captada em mananciais superficiais e subterrâneos). Nos cinco anos analisados, as variações no uso da água foram sutis, havendo impactos regionais tanto das variações das chuvas quanto da própria expansão ou retração da área plantada de algumas culturas. 

O detalhamento desses dados no estudo representa um avanço significativo quanto à avaliação dos usos da água no Brasil, permitindo um conhecimento mais detalhado das demandas de usos dos recursos hídricos e do potencial de expansão da irrigação, que já responde por 66% do consumo no País, segundo o painel de indicadores para 2020 do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil. Assim, o estudo pode subsidiar políticas públicas e a implementação dos instrumentos de gestão da água e da agricultura no Brasil, especialmente indicando áreas onde a intensificação da agricultura de sequeiro junto com a irrigação é sustentável. 

O estudo, que contou com o apoio da agência alemã de cooperação GIZ, será utilizado como um dos insumos para a revisão, regionalização e ampliação do levantamento das Contas Econômicas Ambientais da Água (CEAA) no Brasil, cujo lançamento acontecerá ainda em 2020. Outra publicação que será beneficiada pela análise sobre a agricultura de sequeiro é a segunda edição do Atlas Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada, que também será publicada este ano. Do mesmo modo, o Plano Nacional de Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Irrigação podem se apropriar dos resultados e conclusões do material. 

Fonte: ANA

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