União de esforços torna o agronegócio paulista pujante e cada vez mais promissor

Fotos: Julio Huber

O agronegócio de São Paulo tem crescido e gerado mais renda a produtores que se uniram em associações e cooperativas

Julio Huber – São Paulo

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Seca, geada, preços baixos, custos elevados para produzir e tantos outros entraves poderiam desestimular o cultivo agrícola brasileiro. Mas, como diz um velho ditado: a união faz a força. E tratando-se da agricultura, a união de milhões de pequenos produtores torna possível o cultivo de tantas variedades agrícolas no Brasil. E quando esses guerreiros rurais têm apoio em suas atividades, a união ganha robustez e os resultados são ainda melhores.

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Nesse cenário entram associações e cooperativas, que agregam milhares de famílias e que, juntas, ganham voz e conquistam benefícios coletivos, que servem para aumentar a produtividade, agregar mais renda e, consequentemente, melhorar a autoestima, evitando assim um êxodo rural. Nos últimos anos, as atividades agrícolas no Brasil estão gerando cada vez mais renda e a qualidade de vida no campo tem crescido.

No Estado de São Paulo, os exemplos de parcerias que beneficiam milhares de famílias são vários. Atualmente o Estado é responsável por cerca de 54% da produção nacional de cana-de-açúcar, 63% do açúcar, 48% do etanol, 73% da laranja, 74% do limão, 36% do café, 90% do amendoim, entre outras importantes produções agrícolas.

A reportagem da revista Negócio Rural percorreu algumas cidades do interior de São Paulo para conhecer como projetos coletivos estão mudando a vida das famílias. Organizações que congregam agricultores destacam alguns projetos em andamento e outros que já foram executados, como o Microbacias II, cujos benefícios são exaltados por quem foi agraciado com os investimentos, que ultrapassaram R$ 275 milhões, de acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).  

A Coopercuesta fica na cidade de São Manuel (SP) e possui estrutura e equipamentos para atender aos cooperados

Um desses exemplos fica no município de São Manuel, onde está a sede da Cooperativa Prata da Cuesta Sustentável (Coopercuesta), cuja persistência e a garra para buscar melhorias coletivas foram os ingredientes utilizados para que descendentes de italianos fundassem a entidade.

Presidente e fundador da Coopercuesta, Luiz Carlos Bassetto, o Japão, que pertence à quarta geração da família na produção de café no Brasil, se emociona ao falar da evolução dos projetos da cooperativa. “Todo esse trabalho que fazemos aqui é para que a gente crie sucessão, um mundo melhor para nossos filhos e os filhos dos cooperados. O que a gente quer é criar uma futura realidade diferente, para que as próximas gerações possam se empolgar com o negócio rural e evitar o êxodo rural”, afirmou.

Uma colheitadeira de café foi adquirida com o objetivo de reduzir os custos dos cafeicultores

Ele não esquece a história dos imigrantes italianos que habitaram as terras onde hoje ele e os cooperados cultivam café. “Eles vieram para o Brasil substituir a mão de obra escrava e, com a força do trabalho, com muita garra e energia, viraram meeiros e depois proprietários e precursores de tudo o que temos hoje”, enfatiza.

Recordando-se desde quando a cooperativa foi criada, ainda como associação, em 2004, Japão destaca a evolução conquistada em prol dos cooperados. “Se eu tivesse que pensar e planejar tudo o que aconteceu, eu seria incapaz de fazer um projeto e imaginar o que se tornou a Coopercuesta. Montamos um grupo de família para criar uma associação, eu virei presidente e dois anos depois tínhamos quase 40 membros”, lembra.

Em 2008 eles conquistaram a certificação internacional Fairtrade. No ano seguinte eles migraram de associação para cooperativa e iniciaram a exportação do café Fairtrade, o que fez com que o grupo passasse a conquistar muitos benefícios, como a participação no Projeto Microbacias II. Atualmente, a cooperativa tem duas marcas próprias de café: Alto da Cuesta e Cooper Prata.

Japão se orgulha ao lembrar da evolução da cooperativa e da estrutura conquistada por meio de parcerias

“Só tivemos a coragem de apresentar a proposta de negócio à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e ao Banco Mundial porque tínhamos nosso café certificado, pois com o prêmio conquistado com a venda desse café, conseguimos pagar a contrapartida de 30% dos investimentos feitos pelo Microbacias II”, relatou. No vídeo abaixo ele conta tudo o que foi adquirido para a cooperativa e como os cafeicultores foram beneficiados.

O presidente da Coopercuesta afirma que sem a Fairtrade e o Microbacias II, não teria ocorrido a evolução na qualidade dos grãos

Após conseguirem investimentos por meio do projeto, a Coopercuesta mecanizou a produção, com diversos equipamentos adquiridos por meio do programa, e consequentemente, a qualidade dos grãos cresceu e os produtores até conquistaram prêmios nacionais de qualidade, mas eles querem mais.

Tratores e outros equipamentos auxiliam no dia a dia da colheita
Com recursos do Microbacias II, foi montada a estrutura de pós-colheita

“Agora queremos instalar a via seca de beneficiamento de café. Queremos criar o rebeneficiamento de café e uma linha em cápsulas para nossos cafés especiais. Também pretendemos nos relacionar com compras públicas, com o objetivo de ofertar na merenda escolar, por exemplo, um café de qualidade para as crianças. Precisamos seguir nesse rumo. Continuar mostrando esses resultados e esperamos que cada vez mais produtores façam parte da cooperativa”, espera o presidente. No vídeo abaixo ele conta emocionado sobre a evolução da qualidade dos cafés dos cooperados.

Japão se emociona ao falar do dia em que recebeu a notícia de que seu café estava classificado em um concurso nacional de qualidade

E toda essa empolgação do Japão vem dos resultados já conquistados com os investimentos feitos na estrutura da cooperativa, que renderam e continuam rendendo muitos benefícios. No vídeo abaixo, ele contou que o primeiro café processado pelo sistema de via úmida de pós-colheita, cujos equipamentos foram adquiridos pelo Projeto Microbacias II, venceu o prêmio Fairtrade de qualidade no Brasil.

Daniela Pelosini é cooperada da Coopercuesta e é entusiasta do sistema associativismo

A cafeicultura Daniela Pelosini, da cidade de Pardinho, é cooperada da Coopercuesta. Ela fala da importância de ações em conjunto. “Não adianta eu fazer um café bom, isoladamente. Eu preciso envolver os produtores, a comunidade. Aí teremos um volume maior de café e podemos “engrossar a voz”, e é o que a cooperativa vem fazendo lindamente. É juntar pessoas e aumentar a produtividade e a qualidade”, reforça.


Cafés das terras vulcânicas conquistam o mundo

Manassés é um dos associados da Aprod e tem conquistado prêmios nacionais de qualide de café

Um bom exemplo de que projetos bem elaborados e investimentos feitos da maneira certa trazem retorno aos agricultores vem da Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod), que fica em Divinolândia, na região conhecida pelas terras vulcânicas. A organização foi criada com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos cafeicultores diante de um cenário desafiador para o setor.

Francisco enfatiza a importância do associativismo para pequenos agricultores

O diretor de Certificação e Sustentabilidade da associação, Francisco Sérgio Lange, conta como ocorreu a evolução da entidade, principalmente após a certificação Fairtrade, que foi o impulso necessário para a conquista de diversos benefícios que fizeram com que o café produzido pelos associados conquistasse o mundo.

“No ano de 2000, o município entrou em um processo rural complicado e começamos a conversar sobre a atividade agrícola, exercida em sua quase totalidade por pequenos produtores e produtoras. Em 2005 criamos a associação e em 2007 tivemos o primeiro contato com o Fairtrade. Conquistamos a certificação em 2012, quando começou a ser escrita uma nova história da Aprod. Sem o Fairtrade, não estaríamos aqui, com certeza”, garante.

Ele explica que atualmente a associação possui uma excelente estrutura de beneficiamento do café, além de oferecer todo o apoio necessário para a produção de cafés especiais. Tudo isso graças a diversas parcerias, como o Fairtrade e o programa Microbacias II. Sérgio conta, no vídeo abaixo, como as parcerias beneficiaram a Aprod.

Francisco falou da importância de parcerias públicas e privadas para incentivar os pequenos produtores de café

Sérgio enfatiza ainda a importância de apoiar entidades que agregam pequenos agricultores. “De 290 mil propriedades (de café) no Brasil, 250 mil são de pequenos produtores. Por que não investir nesses 250 mil? Por que não trazer todos esses benefícios? Quando temos organizações bem sucedidas, ela passa a ser modelo e a agricultura familiar é fortalecida”, destaca.

INCENTIVO – O cooperado Manassés Sampaio Dias, proprietário do Sítio Três Barras, em Divinolândia, começou a produzir café em 2001. “Sempre ouvíamos falar da qualidade dos cafés dessas terras, mas a gente não explorava esse potencial de cafés especiais. Antes, plantamos para o mercado de commodities, mas depois, com o surgimento da Aprod e dos concursos de qualidade, passamos a produzir cafés especiais”, contou.

Sem a associação não teríamos acesso ao mercado de cafés especiais

Manassés Sampaio Dias

Ele fala com entusiasmo do café que ele cultiva, e das conquistas de prêmios nacionais de qualidade. “Os cuidados diferentes começam desde o plantio, aos tratos da lavoura, na colheita e no pós-colheita. Sem a associação não teríamos acesso ao mercado de cafés especiais e tudo que a Aprod nos proporciona”, afirmou.

Divinolândia fica na região das terras vulcânicas
Os cafés produzidos pelos associados estão conquistando o mundo

O café produzido por Manassés e pelos demais associados já foi exportado para Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos da América, Coreia e Japão. Em 2020, Manasses conquistou a 1ª colocação no concurso de qualidade de café Fairtrade no Brasil, na categoria “Arábica Microlote”.


Produção de laranja cresce com apoio técnico nas lavouras

Marta Barbosa Santos Silva é trabalhadora em uma propriedade de laranja do citricultor Valentin Donizete Joaquim Alves

Outra organização que tem certificação Fairtrade e que também foi beneficiada pelo Programa Microbacias II é a Cooperativa de Produtores Rurais de Agricultura Familiar (Coperfam), que fica sediada no município de Bebedouro. Em 2017, a organização recebeu R$ 800 mil do programa e, em contrapartida, investiu R$ 400 mil com recursos próprios e do “Prêmio Fairtrade”.

O presidente da entidade, João Roberto Gasperini, contou como foram investidos os recursos. “Construímos um barracão de armazenamento de produtos e a sede própria da cooperativa. Com isso, a Coperfam passou a ter um lugar próprio para receber seus cooperados, melhores condições de trabalho para seus colaboradores e a estruturar uma agroindústria de processamento de mandioca descascada”, explicou.

João Gasperini comenta que a compra de diversos equipamentos e a construção da sede da Coperfam são frutos de parcerias

João afirmou que sem o apoio do Projeto Microbacias, certamente a cooperativa ainda não possuiria sua sede própria e não estaria comercializando novos produtos de seus cooperados. Além disso, os produtores também não teriam o apoio técnico para auxiliar nos tratos culturais.

“Com a conquista da nossa sede própria e de novos equipamentos, foi contratado um técnico de campo exclusivo para atendimento aos nossos cooperados, que introduziu melhorias na qualidade de solo, técnicas de poda em citrus e a diminuição no uso de agroquímicos. Nossa produção só não aumentou significativamente devido ao déficit hídrico dos últimos anos, que comprometeu muito a produção em nossa região”, lamentou.

O meio ambiente também agradece os investimentos. “Com o barracão, podemos investir em implementos e equipamentos que beneficiaram o meio ambiente. Os exemplos são a carreta aplicadora de taxa variável de corretivos de solo, o perfurador para instalação de cercas em área de proteção ambiental, o armazenamento de sementes de braquiárias para cobertura verde em solos a fim de evitar erosão, entre outros”, destacou João.

A produção de laranja tem crescido na região de Bebedouro, com o apoio da Coperfam
O suco das laranjas é exportado

APOIO – E os cooperados também reforçam a importância de investimentos bem feitos e direcionados pelas organizações. Valentin Donizete Joaquim Alves é produtor de laranja no município de Paraíso. Ele comentou que o apoio da Coperfam tem sido fundamental para o aumento da produção e da qualidade dos frutos. Ele garante que se não fosse a cooperativa, o suco de suas laranjas não chegaria aos mercados internacionais, como ocorre atualmente.

“Fazer parte da cooperativa é sentir que você não está no barco sozinho. Você está no meio do oceano, cheio de desafios e tem mais gente no mesmo barco, e lutando pelo mesmo objetivo. Se não fosse a cooperativa, nós não estaríamos mais na produção da laranja. No campo mudou muito, principalmente a parte do manejo, que é muito dinâmico. E a cooperativa dá esse respaldo para o produtor”, destacou.

Valentin ainda reforçou a importância da assistência técnica oferecida pela Coperfam. “Tem a assistência técnica que é feita diretamente com o produtor. A parte mais difícil do produtor é a tomada de decisão, porém o suporte com técnico qualificado facilita muito nesse momento, além de permitir o acesso a novas tecnologias, boas práticas de produção no controle de pragas e doenças e a nutrição das plantas. Quando temos que tomar uma decisão, eles estão juntos, discutindo caso a caso para acharmos a melhor saída”, informou.

O citricultor Valentin Donizete Joaquim Alves destaca a importância do apoio tecnico para manter a qualidade dos frutos

Além disso, tem ainda os equipamentos disponibilizados pela cooperativa, que ajudam os produtores cooperados. “Algumas atividades exigem equipamentos específicos e caros, que são usados uma ou duas vezes no ano. Outros são usados somente no plantio, como o subsolador e o perfurador de solo. Todos esses benefícios aumentam a produtividade e diminuem os custos de produção durante o ciclo produtivo”, afirma.

Programa beneficiou mais de 11 mil famílias de agricultores

Iniciado em 2010 e prorrogado até 2018, o Projeto Microbacias contou com um empréstimo de US$ 78 milhões assinado com o Banco Mundial, além de uma contrapartida de US$ 52 milhões do governo estadual, totalizando US$ 130 milhões em investimentos. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), foram beneficiadas 161 associações, 77 cooperativas, 38 comunidades quilombolas e 11 comunidades indígenas, totalizando mais de 11 mil beneficiários em todo o Estado.

Executado pela SAA, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CATI/CDRS) e pela Secretaria do Meio Ambiente, por meio da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN), o projeto apoiou a melhoria de infraestrutura necessária para agregar valor à matéria-prima produzida e comercializada. Só puderam fazer parte do projeto as organizações regularizadas há pelo menos um ano, compostas por no mínimo 15 membros, dos quais mais de 50% teriam que ser agricultores familiares.

Foram confirmadas diferenças de mais de 80% no valor das vendas dessas organizações

João Brunelli Júnior, chefe de gabinete da CATI

A principal meta do Microbacias II foi tornar as associações e cooperativas rurais, em sua grande maioria compostas por agricultores familiares, com proatividade e capazes de gerar inúmeros empregos e renda adicional à atividade agropecuária, por meio da inserção ao mercado, comercializando diretamente com os consumidores finais produtos com maior valor agregado.

De acordo com a assessoria da SAA, “a grande maioria das organizações beneficiárias do Microbacias II encontra-se em operação, embora enfrentando inúmeras dificuldades para se firmarem junto ao mercado, em virtude da crise econômica advinda da pandemia da Covid-19, agravada pela estiagem prolongada e as recentes geadas que atingiram a agropecuária no estado de São Paulo”.

João Brunelli Júnior afirmou que o Microbacias II superou as expectativas

O engenheiro agrônomo João Brunelli Júnior, atual chefe de gabinete da CATI, destacou que o Microbacias II atingiu plenamente os seus objetivos. “A estimava inicial era um crescimento de 8% na renda das organizações. Na avaliação final do impacto do projeto, feita pela equipe do Banco Mundial, que comparou organizações apoiadas e não apoiadas pelo projeto, foram confirmadas diferenças de mais de 80% no valor das vendas dessas organizações”, informou João.

Diante do sucesso do Microbacias, a SAA, por intermédio da CATI, em parceria com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, está iniciando a construção de uma nova proposta de projeto de desenvolvimento rural sustentável, com enfoque nas questões de sustentabilidade ambiental e econômica, visando agregar valor às cadeias produtivas, adequação dos sistemas produtivos e apoio à recuperação ambiental.


Café e suco de laranja certificados são exportados trazendo maior lucro aos produtores

A participação das organizações no projeto Microbacias II e em diversos outros programas só foi possível porque essas cooperativas e associações brasileiras têm um apoio importante, que é o sistema Fairtrade (Comércio Justo). No Brasil, 30 organizações de produção de café e oito de laranja são certificadas Fairtrade.

A Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR) é a coordenadora nacional de Comércio Justo do Brasil, e é ligada à Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (CLAC), que integra a rede latino-americana de produtores, além de ser coproprietária do sistema Fairtrade International.

Apenas os produtores e produtoras que integram associações ou cooperativas certificadas são beneficiados (as) pelos projetos e ações promovidas por esse movimento mundial.

Sem a certificação Fairtrade, o suco produzido das laranjas dos cooperados da Coperfam não seria exportado

Quem explica mais sobre o sistema é o secretário executivo da BRFAIR, Bruno Aguiar. Entre os benefícios, o Comércio Justo permite que o pequeno produtor associado ou cooperado a uma dessas organizações, receba um preço mínimo internacional pela venda do seu produto.

“A certificação é pautada por uma série de critérios que norteiam os produtores e toda a cadeia que quer fazer parte do sistema Fairtrade. Com isso, todos os envolvidos na produção, comunicam ao consumidor que estão cumprindo uma série de critérios e entregando um produto reconhecido como por sua responsabilidade social, ambiental e econômico”, destacou.

RETORNO SOCIAL – Além de assegurar um valor melhor para a mercadoria, as organizações certificadas recebem o “Prêmio Fairtrade” que é um valor repassado às cooperativas e associações, de acordo com o movimento de comercialização. Esses valores devem ser usados em prol dos agricultores ou da região onde as organizações atuam.

São ações voltadas aos setores ambientais e sociais, para a melhoria de qualidade dos produtos, ao incentivo à inclusão de gêneros, em capacitações, para a melhoria da infraestrutura, na saúde das famílias de agricultores, entre outras.

No Brasil, 30 organizações de produtores de café e oito de laranja são certificadas Fairtrade e os produtos vão para o mercado externo

“Uma das demandas que está cada vez mais em evidência é a inclusão. No próprio sistema observamos um movimento cada vez maior de inclusão de jovens, idosos, gêneros e classes sociais. O Torneio Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup, também é promovido com o intuito de estimular o aumento da qualidade dos grãos”, destacou.

EXPORTAÇÃO – O “Prêmio Fairtrade” é repassado às organizações de acordo com a exportação da produção. Quanto maior o valor comercializado, maior é o prêmio. E é com esse valor que as associações e cooperativas realizam inúmeras atividades aos produtores. Atualmente, o suco da laranja e o café de São Paulo são exportados para países da Europa, para os Estados Unidos da América e até para o Japão.


Projetos e ações prometem contribuir com o agronegócio paulista

Com o objetivo de apoiar o agronegócio paulista, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) tem promovido ações nas mais diversas áreas agrícolas. Entre os investimentos, destacam-se os da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.

Recentemente, foram anunciados R$ 52 milhões para investimento na modernização de laboratórios, nos institutos da Secretaria, para apoio à inovação e melhoria do atendimento ao produtor e ao cidadão. Esse é o maior investimento da história desses institutos, valor este três vezes superior ao maior investimento já feito anteriormente.

No Instituto Biológico são desenvolvidas cepas usadas por 100% das empresas nacionais produtoras de insumos biológicos. São empregadas em cultivos de cana-de-açúcar, pastagem, citrus, banana, seringueira, morango e flores, além de trazer o benefício econômico de R$ 398,5 milhões anuais, com a economia no uso de produtos químicos tradicionais.

O projeto Microbacias II contribuiu com o aumento da renda de milhares de famílias produtoras de café e de laranja em São Paulo

Já com relação ao Instituto Agronômico (IAC), são geradas tecnologias usadas por produtores rurais de Norte a Sul do Brasil, como as novas variedades de cana IAC e Sistema de Mudas Pré-brotadas; cultivares de café IAC; cultivares de citrus e porta-enxertos de citrus; cultivares de feijão carioca e cultivares de amendoim.

Recentemente foram lançadas novas cultivares de batata-doce, desenvolvidas em parceria entre a APTA Regional e o Instituto Agronômico, que podem até mesmo dobrar a produtividade em regiões do estado de SP.

PECUÁRIA – Na agropecuária, estudos preveem a produção de um gado de 21 arrobas em até dois anos, quando normalmente leva-se até três anos para produzir um animal de 18 arrobas. O método pode aumentar em 30% os lucros dos pecuaristas e tem revolucionado a pecuária nacional, sendo adotado em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rondônia, que são as principais regiões produtoras de gado de corte.

Já na aquicultura, rações formuladas pelo IP para produção de tilápia podem reduzir custos do piscicultor. O Instituto de Zootecnia entrega ao setor produtivo uma tecnologia inédita para detecção de fraudes em produtos lácteos. No Instituto de Tecnologia de Alimentos está sendo testado o uso de compostos vegetais como alternativas para a cura natural de produtos cárneos. Outras ações e projetos ligados à área rural são:

  • A retomada das Câmaras Setoriais (37 cadeias produtivas em atuação);
  • A reabertura das Casas de Agricultura (com melhorias e readequações);
  • Elaboração de uma nova resolução para o setor da heveicultura (borracha);
  • Assinatura do protocolo de intenções com a Esalq/USP. O protocolo prevê a prestação de auxílio técnico mútuo para o desenvolvimento de agenda de trabalhos em áreas afins da Esalq/USP e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), de seus Institutos e de suas Estações Experimentais. Os trabalhos em conjunto preveem parceria para atendimento ao edital “Centros de Ciência para o Desenvolvimento”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp);
  • Assinatura do protocolo de intenções com JBS e a SilvaTeam. Através desse protocolo fica estabelecido o mútuo auxílio técnico para o desenvolvimento de agenda de trabalho entre as empresas e a Secretaria, por meio do IZ e da Agência Paulista dos Agronegócios;
  • Liberação de R$ 215 milhões para linhas de crédito e seguro rural, principalmente para pequenos agricultores. Será um dinheiro emprestado sem juros, para que os produtores consigam se recuperar dos estragos provocados pela crise hídrica e as geadas;
  • Entregas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Cesta Verde. Foram atendidos 211 municípios e a meta é atender 622 mil famílias, sendo 2.500 de pequenos produtores;
  • Investimento de 52 milhões para a pesquisa no agro paulista, nos Institutos da Secretaria;
  • Retomada de linhas de crédito: Pró Trator, Pró Implementos, Pró Piscicultura, para energia Fotovoltaica e Seguro Rural;
  • Renegociação de dívidas para cooperativas e associações junto ao Feap;
  • Aumento do Programa Agro Legal (Programa de Regularização Ambiental – PRA e o Cadastro Ambiental Rural – CAR);
  • Reativação dos corredores sanitários, medida que visa levar São Paulo ao status de região livre de febre aftosa, sem vacinação;
  • Lançamento do Município Agro para novo início de ciclo do Ranking de Desenvolvimento Rural Sustentável Paulista, que dá acesso a recursos públicos, geridos pela Secretaria de Agricultura;
  • Lançamento do laboratório de fermentação ruminal e nutrição de bovinos de corte do Instituto de Zootecnia;
  • Elaboração do Projeto de Lei que prevê a regularização da produção de queijos artesanais no Estado;
  • Implantação do Programa Rotas Rurais, que é uma iniciativa pioneira na América Latina e vem sendo desenvolvida por meio de parceria entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e o Google. Prevê o mapeamento das propriedades, das estradas e da entrada da propriedade. O sistema funciona mesmo onde não existe um endereço estruturado com rua e número. A partir dos dados finalizados, o produtor rural passa a ter um endereço digital individualizado, permitindo o recebimento de correspondência, obtenção de crédito e melhora no acesso à propriedade e no escoamento da produção;
  • Lançamento do programa AgroSP+Seguro, que visa oferecer viaturas específicas para o trabalho de ronda na zona rural. Na primeira fase, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento vai entregar 250 caminhonetes a municípios em diversas regiões do Estado.
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Julio Huber

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