Agricultura regenerativa é prioridade para a Plataforma Global do Café
Foto: Minasul/Divulgação
Tema estratégico para aumentar a resiliência climática e manter a prosperidade dos produtores rurais brasileiros, a agricultura regenerativa foi tema da segunda reunião da Plataforma Global do Café. Exclusivo para membros e parceiros, o webinar teve como foco trazer conteúdo técnico e científico para enriquecer a harmonização de conceitos sobre a temática, uma vez que a agricultura regenerativa é um conceito amplo.
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O encontro contou com 70 participantes, incluindo nomes de peso do meio científico brasileiro, como Guilherme Chaer e Adriano Veiga, ambos pesquisadores da Embrapa, e o agrônomo Sergio Benvenga, referência no manejo ecológico e controle de pragas e doenças. Os especialistas convidados para abordar o tema foram Heitor Cantarella, pesquisador e diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Victor Monseff, engenheiro agrônomo e CEO da Ribersolo 3R LAB.
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Os palestrantes abordaram a importância da saúde do solo, um solo não compactado, com fertilidade em profundidade, boa quantidade de matéria orgânica e presença de micro-organismos para ciclagem de nutrientes. Victor Monseff falou da necessidade de análises de solo, que meçam não só parâmetros físico-químicos, mas também biológicos. “Precisamos medir as enzimas para indiretamente medir a atividade biológica do sistema e dos micro-organismos na ciclagem dos nutrientes”, explica.
Já Heitor Cantarella explanou sobre o uso racional de nitrogênio em café. Embora essencial para a boa produtividade dos cafezais, o fertilizante emite grande quantidade de oxido nitroso, um dos vilões do aquecimento global. Para mitigar os gases do efeito estufa (GEE), é preciso escolher a fonte certa de nitrogênio. “Se há chance de perda por volatilização, evitar usar certas fontes de nitrogênio; e utilizar o produto na dose certa e na época compatível com a maior demanda de planta”, disse o diretor do Centro de SoIos do IAC.
Há um consenso em todos os trabalhos analisados pela Plataforma: a importância das plantas de cobertura, que protegem o solo, reciclam nutrientes e aportam matéria-orgânica. Mas, os especialistas consultados pela Plataforma ressaltam que elas são a ponta do iceberg, a parte visível. Também é preciso olhar para baixo da superfície, para a saúde do solo.
A agricultura regenerativa integra o plano estratégico 2030 da Plataforma Global do Café no Brasil. A primeira reunião de harmonização dos conceitos foi feita via Grupo de Trabalho Brasil da Plataforma, que aconteceu durante a Semana Internacional do Café (SIC), em novembro 2023, com a presença de Eduardo Trevisan (Imaflora), Madelaine Venzon (Epamig) e Guilherme Petená (Rainforest Alliance).
A harmonização dos conceitos e práticas de agricultura regenerativa servirá como base técnica para nortear a instalação de unidades demonstrativas de agricultura regenerativa em propriedades cafeeiras, em diferentes regiões. “Nosso objetivo é disseminar as práticas entre membros e parceiros, para que eles ajudem na multiplicação do conhecimento, assegurando a prosperidade de 95 mil pequenos e médios cafeicultores até 2030”, finaliza Eduardo Matavelli, da Plataforma.
O webinar está disponível no YouTube. Os próximos encontros para dar continuidade ao processo de construção coletiva dos conceitos de agricultura regenerativa serão no dia 21 de fevereiro (Dia de Campo na Aprod – Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia-SP) e em 4 de abril, em uma oficina presencial em Campinas (SP). Os encontros são exclusivos para membros da Plataforma Global do Café.
A Plataforma Global do Café trabalha junto a membros e parceiros para promover um setor cafeeiro sustentável. A Plataforma atua no Brasil desde 2012 por meio de esforços e iniciativas coletivas, para avançar com a sustentabilidade no campo, com atenção especial para os pequenos produtores. A Plataforma Global do Café Brasil é coordenada pela consultoria P&A.
Fonte: Plataforma Global do Café
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