Mais uma região produtora de café consegue reconhecimento de Indicação Geográfica (IG)

Foto: Tamis Lustri/Divulgação

Cafeicultores da região de Garça, em São Paulo, estão festejando a concessão de registro da Indicação Geográfica (IG) para o produto cultivado em 15 municípios do centro-oeste paulista.  A IG é uma Indicação de Procedência que reconhece a região como um dos maiores polos produtores de café do estado de São Paulo, além de vincular o produto à história e ao desenvolvimento regional. A cafeicultura é praticada por mais de 400 famílias só dessa região.

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O anúncio da IG foi feito nesta terça-feira (22) na revista do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão vinculado ao Ministério da Economia e que concede esse tipo de registro.

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De acordo com Francisco José Mitidieri, auditor fiscal da Superintendência Federal de Agricultura no Estado de São Paulo (SFA-SP) que atua com IG, o trabalho para o reconhecimento começou em 2016 com as fases de prospecção e sensibilização com os produtores. “Foram várias reuniões, várias discussões até que o conceito fosse internalizado”, disse ele, que fez palestra e visitas à região.

O gestor da IG é o Conselho do Café da Região de Garça (Congarça), que protocolou o pedido no Inpi em outubro de 2020. O presidente do Congarça, Tamis Lustri, disse que a IG confere ao café da região características únicas. “Somente nessa região é possível produzir esse café, em função do solo, do clima, da geografia e de outros fatores que só ocorrem aqui”, explicou Tamis. Caberá ao Congarça a tarefa de capacitar os produtores da região e verificar se eles estão aptos a utilizar o selo com a Indicação de Procedência.

Segundo Tamis, entre essas características únicas estão um café encorpado, com acidez equilibrada, doçura natural com notas de chocolate e caramelo, às vezes frutado e cítrico. “É um café com retrogosto, que é aquela permanência do gostinho do café no fundo da garganta por um tempo”, explicou.

O produtor José Carlos de Moraes Filho, conhecido como Zito, disse que a qualidade do café da região foi atestada, mas agora será necessário dar continuidade a um intenso trabalho de campo para orientar os produtores sobre a secagem, os tratos pós-colheita, os produtos que podem ser utilizados e a participação em concursos de qualidade. “Haverá um trabalho de conscientização para que eles se enquadrem. Os compradores agora já sabem que aqui na região existem bons cafés”, afirmou.

Zito aposta que a IG vai agregar valor ao café da região. “A qualidade vai melhorar ainda mais porque existem exigências a serem cumpridas. Além disso, essa indicação de procedência vai trazer visitantes à região”, comentou.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Divisão de Projetos de Indicação Geográfica, ajuda na identificação de produtos e regiões potenciais para registro e na realização de levantamentos, estudos e diagnósticos sobre as cadeias produtivas potenciais. 

Com esta concessão, o Brasil chega a 107 Indicações Geográficas registradas no INPI, sendo 32 Denominações de Origem (23 nacionais e 9 estrangeiras) e 75 Indicações de Procedência (todas nacionais).

NOVO DESAFIO –  A conquista da indicação de procedência foi o primeiro passo para o café da região, mas não será o último. De acordo com a secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Garça, Maria Thereza Ricci Sartori, produtores da região já se mobilizam para obter daqui a dois anos outro tipo de IG, a Denominação de Origem.

“A indicação de procedência é um reconhecimento de uma região que, historicamente, sempre cultivou aquele produto. Já a denominação de origem confere ao produto uma característica única, um sabor inigualável, que nenhuma outra região consegue”, explicou Thereza, confirmando a percepção do presidente do Congarça.

Uma das denominações de origem mais famosas é o champagne. A região de Champagne, na França, é a única no mundo que pode utilizar esse nome aos seus espumantes. Esse tipo de indicação geográfica é muito valorizado na União Europeia.

Se a IG conquistada agora poderá favorecer produtores de 15 municípios (Garça, Gália, Vera Cruz, Marília, Alvinlândia, Álvaro de Carvalho, Duartina, Cafelândia, Pirajuí, Júlio Mesquita, Guarantã, Ocauçu, Lupércio, Lucianópolis e Fernão), o avanço em relação à denominação de origem deverá restringir essa certificação a um grupo reduzido de cidades, sem que o grupo atual perca esse diferencial da IG já reconhecida.

No dossiê feito para obter a IG, o Congarça levantou que a primeira exportação de café da região de Garça ocorreu em 1968. Nesses 54 anos, a região já exportou para mais de 20 países. A expectativa, com a IG, é abrir novos mercados e valorizar a produção regional.

Fonte: MAPA

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