Pequenos produtores de leite têm renda garantida com apoio de cooperativa em Pernambuco
Texto: Julio Huber
Com vegetação predominantemente de caatinga, o município de Afrânio, que fica no extremo oeste de Pernambuco, tem no setor agropecuário uma de suas principais fontes de renda. Um dos destaques fica para a produção de leite em pequenas propriedades espalhadas pelo município.
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Diante da dificuldade em pastagens vistosas para as vacas, principalmente em períodos de estiagem, a Cooperativa de Produção Agropecuária de Afrânio (Cooafra) tem feito a diferença na vida de centenas de famílias que tem na produção de leite a sua principal fonte de renda.
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Além da comercialização garantida da produção e com o pagamento justo pelo leite produzido, os cooperados também contam com o apoio em melhoramentos genéticos, com vacas mais resistentes ao clima local e com maior produção, além apoio na implantação de pastagens melhores. De acordo com o presidente da Cooafra, Raimundo Lima de Brito, diariamente é produzido pelos cooperados, em média, 6,3 mil litros de leite.
A cooperativa surgiu em 1964, com o objetivo de agregar produtores de algodão, cultura que na época estava em expansão na região. Mas, após uma praga atacar as lavouras, o plantio foi inviabilizado e a cooperativa ficou por alguns anos inativa. Em 1999 surgiu a ideia de reativar a cooperativa, com o foco nos produtores de leite.
Segundo o gerente da Cooafra, Cleones Pereira, a intenção era dar apoio às famílias que tinham produção de leite, mas havia uma dificuldade na comercialização. Com recursos do Banco do Nordeste, a cooperativa iniciou um trabalho de apoio aos pequenos produtores de leite da região, que na ocasião não passava de 80 cooperados.
Famosa na produção de queijos, doces de leite e outros derivados, a região ganhou ainda mais destaque com o início da atividade da cooperativa, que atualmente processa o leite de cerca de 140 produtores, e o transforma no requeijão de corte (Mimo), queijo muçarela, queijo coalho, manteiga de garrafa, bebida láctea e o famoso doce cremoso.
Diariamente, o caminhão com tanque resfriado percorre cerca de 80 quilômetros para recolher o leite nas propriedades dos cooperados. Ao chegar à cooperativa, é feito o processamento para transformá-lo nos produtos que são comercializados na região e, principalmente, em Petrolina, que fica a cerca de 120 quilômetros de Afrânio.
Mas, o leite dos pequenos cooperados também é enviado para mais longe. “Entre novembro e março, enviamos cerca de 10,5 mil litros de leite por semana para Mossoró, no Rio Grande do Norte, porque nesse período cai a produção daquela região. São 700 quilômetros que o nosso leite percorre”, contou Cleones.
AMPLIAÇÃO – O próximo passo da Cooafra é a produção de leite longa vida. Alguns equipamentos já estão na cooperativa, e os demais devem chegar ainda este ano. A previsão, segundo Cleones Pereira, é que o leite longa vida esteja no mercado no início do próximo ano.
“Também estamos em busca de um terreno para mudar a nossa sede de lugar. Quando foi construída, em 1964, existiam poucas casas ao redor. No passar dos anos, a urbanização foi crescendo e hoje estamos dentro da cidade. Como pensamos em ampliar a produção, estamos em busca de um terreno adequado para construir a nova sede”, relatou o gerente da cooperativa.
Diante dessa perspectiva de crescimento, os produtores também devem aumentar o número de vacas e a atividade deve, inclusive, ser expandida para outras áreas do município onde hoje não há a exploração agropecuária.
“Estar cooperado é uma vantagem muito grande, porque desenvolvemos diversas ações de apoio aos produtores, inclusive com a venda de ração a um preço mais baixo que no mercado tradicional. Além disso, os nossos cooperados têm a garantia de comercialização de toda a produção”, reforçou Cleones.
O presidente do Sistema OCB/PE, Malaquias Ancelmo de Oliveira, enfatizou que o projeto da cooperativa é muito interessante por conseguir viabilizar, em uma região difícil como é o semiárido pernambucano, ganhos para os cooperados e dar ocupação e trabalho para muita gente que vive da agropecuária. “A Cooafra articula a atividade produtiva e coloca, no mercado, os produtos derivados do leite, como queijo e manteiga, gerando renda para as famílias da região”, acrescentou.
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