ESPECIAL: O agro de ‘mãos dadas’ no combate ao coronavírus

Bruno Faustino

Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020, 11h44. Nesta data, o Ministério da Saúde confirmava o primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19). O paciente? Um homem de 61 anos que estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, após retornar de viagem da Itália, da região da Lombardia. Começava aí a batalha brasileira para combater o vírus de origem chinesa, que se espalhava por todo o mundo.

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O primeiro caso oficial de Covid-19 (coronavirus disease 2019) foi de um paciente hospitalizado no dia 12 de dezembro de 2019 em Wuhan, China, mas estudos retrospectivos detectaram um caso clínico com sintomas da doença em 01/12/19. O primeiro artigo científico, publicado algumas semanas depois por pesquisadores chineses, descreveu o caso de um paciente de 41 anos admitido no Hospital Central de Wuhan, em 26 de dezembro.

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Wuhan, na China, foi o local onde surgiram os primeiros casos da doença

O fluido broncoalveolar continha um vírus cujo genoma mostrou uma relação filogenética com coronavírus causadores da Sars e Mers. O vírus, denominado WHCV (posteriormente 2019-nCoV e finalmente Sars-CoV-2), mostrou alta similaridade genômica com o Bat SL-CoVZC45, um vírus obtido de um morcego coletado na China. Esse resultado sugeriu que esse novo coronavírus poderia ter se originado de morcegos, um reservatório já identificado para o Sars-CoV, agente da Sars.

Dia após dia, o número de pessoas com a doença aumentava em vários países. Com isso, a Organização Mundial da Saúde decretou: o mundo vive uma pandemia. Europa, Asiá, Oceania, África e América. Pessoas de todos os continentes foram infectados pelo Covid-19. Na linha de frente, médicos e enfermeiros. O novo coronavírus colapsou hospitais mundo a fora, devido a quantidade de doentes internados. Muitos necessitando de Unidades de Terapias Intensivas (UTI’s).

Lorenzo D’Antiga, diretor das unidades de pediatria e transplante do Hospital Papa João XXIII em Bérgamo, na Itália, conta a situação crítica enfrentada durante a pandemia

Hoje (31), às 13h30, o número de infectados pela Covid-19 no mundo ultrapassa 6 milhões (6.104.980) com mais 370 mil mortes (370.078). No Brasil, quase meio milhão de pessoas contrairam a doença (499.966) e 28.849 morreram por conta do novo coronavírus. Ceará, Distrito Federal, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo construíram hospitais de campanha para atender os doentes, já que a rede pública de saúde não suportou a quantidade de infectados. Em outros Estados, houve reforços, com a compra de leitos e respiradores.

Acompanhe em tempo real o avanço do novo coronavírus no mundo

Diante desta situação, uma rede de solidariedade se formou para amenizar os efeitos da pandemia em todo o país. Entidades, empresários e indústrias se uniram para ajudar quem mais precisa neste momento delicado da saúde brasileira. E, é claro, que o agronegócio não poderia ficar de fora.

O Portal da Revista Negócio Rural acompanhou, há alguns meses, a solidariedade de instituições do setor do agronegócio. Seja no ramo da suinocultura, silvicultura, cafeicultura, máquinas e equipamentos ou sucroalcooleiro, a corrente do bem tem feito a diferença em centenas de cidades brasileiras.

“É um ciclo que vamos superar contribuindo com a saúde das pessoas e mantendo o suporte necessário para atividades essenciais à população, como produção de alimentos e serviços de infraestrutura”, afirmou Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil.

A John Deere Brasil é uma das empresas que entrou na luta para o combate ao novo coronavírus no país. A companhia distribuiu para secretarias municipais de saúde cerca de seis mil kits de testes rápidos para a detecção do novo coronavirus para serem usados em hospitais. Outra iniciativa da empresa foi a entrega de tratores e pulverizadores para sanitização de vias públicas em mais de 40 cidades nos estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Além disso, em parceria com a rede de concessionários, Instituto John Deere e funcionários, foram arrecadados 190 toneladas de alimentos, que beneficiaram cerca de 12 mil famílias em comunidades carentes do Brasil.

A Suzano, referência global na produção de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, distribuiu 30 respiradores e 80 mil máscaras hospitalares importados da China para o Espírito Santo. Os respiradores atenderam as redes de saúde da capital, onde a pandemia afeta um grande número de pessoas (2.416 pessoas), e de municípios da Grande Vitória e regiões Norte e Sul do Estado. Já as máscaras foram destinadas aos municípios de Serra, Aracruz, São Mateus, Cachoeiro de Itapemirim, Conceição da Barra, Pedro Canário e Montanha, Pinheiros e Vila Valério.

A Suzano adquiriu 80 mil máscaras de costureiras e artesãos locais do Espírito Santo para ajudar e fortalecer a economia local durante a pandemia

“Estamos enfrentando uma situação inédita como sociedade moderna e sabemos que a disponibilidade de respiradores e equipamentos de proteção é fundamental para salvar a vida de milhares de brasileiros. Por isso, devemos unir forças para vencer essa batalha contra a Covid-19”, afirma o presidente da Suzano, Walter Schalka.

A empresa também destinou 159 respiradores e um milhão de máscaras hospitalares para o governo Federal e sete estados (São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará e Paraná). A companhia ainda integra um grupo que viabilizará a ampliação de produção de respiradores no Brasil. A iniciativa prevê a entrega de 6,5 mil respiradores até agosto de 2020. Desde o final de março, a empresa também já realizou a doação de papéis higiênicos, guardanapos e fraldas de fabricação própria para diversos estados brasileiros. Além disso, está mobilizando a doação de 58 mil litros de álcool 70% glicerinado, que serão distribuídos em diversos municípios do Espírito Santo. O produto será direcionado aos hospitais e instituições.

Em Minas Gerais, a Belgo Bekaert Arames também participa da corrente do bem. A empresa doou 200 colchões e 50 camas hospitalares para o hospital de campanha montado no Centro de Exposições Expominas, em Belo Horizonte. Os colchões atendem a mais de 25% dos 768 leitos disponibilizados no hospital de campanha. A empresa também está doando ao Governo de Minas Gerais arames plastificados para fabricação de cinco milhões de máscaras, que serão confeccionadas por presos da região metropolitana de Belo Horizonte, e oferecendo kits de alimentação para os condutores que levam ou buscam produtos em suas unidades.
 
“Essas ações nos orgulham. Assim, contribuímos de forma humanitária para o bem-estar das pessoas contaminadas e, ainda, dos profissionais responsáveis pelo abastecimento do país”, diz Ricardo Garcia, CEO da Belgo Bekaert.

Belgo Bekaert Arames doou 200 colchões e
50 camas hospitalares em Minas Gerais

A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) investiu, até agora, R$ 1,3 milhão em ações de enfrentamento ao novo coronavírus. A entidade fez a doação de eletrocardiograma e respiradores ao Hospital do Oeste (HO), que vem sendo responsável por abrigar os pacientes com sintomas graves da Covid-19 em 37 municípios de abrangência no Oeste da Bahia.

Uma medida urgente e necessária foi o apoio à Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) para a instalação do primeiro laboratório certificado do Oeste da Bahia para o processamento de testes da Covid-19. Foram investidos R$ 370 mil em recursos para a aquisição de equipamentos e insumos que vão garantir, neste primeiro momento, a realização de até três mil análises. A entidade também realizou a doação de 70 quilômetros de tecidos 100% algodão para a produção de 700 mil máscaras com distribuição para prefeituras e entidades em mais de 100 municípios baianos.

A necessidade de contribuir com o combate ao novo coronavírus no Brasil mobilizou a MSD Brasil a produzir cinco mil litros de álcool 70% para doação a 11 instituições, entre hospitais e instituições. Quatro mil litros do produto serão destinados a instituições da capital paulista, de Cruzeiro (SP) e da cidade mineira de Montes Claros – onde há unidades fabris da MSD Saúde Animal. O restante, mil litros, foi dividido em embalagens de um litro para distribuição aos colaboradores da empresa, contribuindo assim para a prevenção. 

“Nosso propósito é melhorar a vida das pessoas e a saúde dos animais, e, por isso, acreditamos que com essa pequena atitude podemos de alguma forma fazer a diferença para a população das regiões em que estamos inseridos”, explica Delair Bolis, presidente da MSD Saúde Animal. 

Já a Citrosuco, uma das maiores produtoras mundiais de suco de laranja, contribuiu com R$ 400 mil para a construção de uma nova ala no Hospital Carlos Fernando Malzoni, em Matão, interior de São Paulo, com foco ao combate da pandemia de Covid-19.

Representantes da empresa realizaram a doação de milhares de equipamentos de proteção individual (EPI)

A Copersucar vem doando parte da produção das suas usinas para o abastecimento gratuito de unidades públicas de saúde em diversas cidades. Em abril, 14 mil litros de álcool etílico 70% foram destinados às secretarias de saúde das regiões administrativas de Araçatuba, Bauru, Marília e Presidente Prudente, em São Paulo. A empresa já distribuiu mais de 700 galões. Todo o produto será usado para desinfecção hospitalar. 

“Esperamos que a doação de álcool para esses municípios ajude na luta contra a disseminação do vírus”, comenta Rodrigo da Silva Lima, gerente executivo de Operações da Copersucar. 

A doação teve o objetivo de higienizar equipamentos de hospitais e unidades básicas de saúde

A Marfrig tem distribuído gratuitamente álcool gel. O produto foi fabricado na unidade da companhia localizada em Promissão, no interior de São Paulo, que possui uma capacidade de produzir 10 toneladas mensais de álcool gel. Dezesseis mil frascos de 500 ml foram distribuídos para os colaboradores da empresa e o restante doado para hospitais localizados nas cidades nas quais a companhia atua. Também foram doados R$ 7,5 milhões para o Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos para diagnosticar o novo coronavírus.

A Marfrig doou R$ 7,5 milhões para compra de testes rápidos do coronavírus

Produtores de cachaça também se mobilizaram para a produção e doação de mais de 70 mil litros de álcool etílico hidratado a 70% para colaborar no combate ao novo coronavírus em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Sul. Todo o material foi destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e demais órgãos públicos, como unidades de saúde e hospitais.

“Houve do setor um cuidado muito grande em fazer esse processo com o máximo de segurança possível. Por esse motivo pleiteamos junto à Anvisa uma autorização, em caráter emergencial e excepcional, para que os nossos associados pudessem produzir, padronizar, envasar, transportar esse álcool. Nossa solicitação foi aceita e a entidade publicou uma nota técnica esclarecendo os critérios a serem adotados por todos que queiram produzir e doar álcool a 70%” .

Carlos Lima – diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça

Uma das quatro maiores empresas do Brasil no setor de soluções para a agricultura, a UPL, doou mais de R$ 330 mil em testes para diagnóstico da Covid-19, além de máscaras de proteção, para os municípios de Ituverava e Salto de Pirapora, em São Paulo, onde estão suas unidades industriais. Ituverava foi beneficiada com mil testes e seis mil máscaras de proteção. Salto de Pirapora recebeu 1.125 testes.

“Queremos participar das ações de combate ao novo coronavírus, minimizando o impacto da pandemia e, principalmente, salvando vidas”, afirmou o presidente da UPL Brasil, Fabio Torretta.

A Bayer, multinacional alemã com foco em ciências da vida, doou R$ 5,7 milhões para o combate à pandemia o Brasil e destinou os recursos para três diferentes iniciativas: o Projeto Arrecadação Solidária, do Governo Federal, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); e a compra de itens de segurança e insumos hospitalares. A empresa focou sua ajuda aos serviços públicos de saúde das cidades onde possui unidades produtivas. 

“A crise provocada pela pandemia de Covid-19 desafia a todos nós, por isso a colaboração entre os setores privado, público e a sociedade será a chave para o enfrentamento deste desafio no Brasil e no mundo. Há mais de 120 anos, a Bayer está comprometida com o país, por isso nossa contribuição deve ser maior que a financeira. Estamos trabalhando incansavelmente para manter a disponibilidade de medicamentos e insumos necessários à produção de alimentos para os brasileiros”, ressalta Marc Reichardt, CEO da Bayer Brasil.

Distribuição de alimentos e máscaras para entidades carentes e trabalhadores rurais

Além de alimentos, o grupo Tereos doou 52 mil litros de álcool 70º para hospitais e postos de saúde de municípios próximos às suas unidades industriais

A Tereos – uma das líderes mundiais na produção de açúcar, etanol e amidos – já realizou a doação de duas toneladas de açúcar para 21 instituições do interior e da capital paulista, entre elas, as Santas Casas de Santo Amaro, Andradina, Assis, Sorocaba, Olímpia, Barretos, São José do Rio Preto, Tanabi, Colina, Guaíra, Pitangueiras e Bebedouro; os hospitais de campanha do Pacaembu, Taboão da Serra, Embu das Artes e Anhembi; o Hospital São Francisco de Assis; o Hospital do Amor; o Hospital de Base de São José do Rio Preto; o Hospital do M’boi Mirim e a Casa do Lar.

“Estamos vivendo um momento sem precedentes, que demanda, antes de mais nada, solidariedade e apoio mútuo. Precisamos dar todo o suporte possível aos profissionais e instituições da saúde, aos pacientes e suas famílias, para superarmos esse período”, disse Jacyr Costa Filho, membro do Comitê Executivo do grupo.

Além de contribuir com doação de alimento, 52 mil litros de álcool 70º foram entregues a hospitais e postos de saúde de municípios próximos às sete unidades industriais do grupo, nas regiões noroeste e sudoeste do estado de São Paulo. O grupo reúne 12 mil produtores cooperados e processa beterraba, cana-de-açúcar e cereais.

O Laticinios Bela Vista, detentor da marca Piracanjuba, em parceria com o Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás (Sindleite), doou mais de 50 mil litros de leite para entidades goianas, como a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego). A companhia também doou R$ 10 mil em produtos que foram revertidos em verba para ajudar na compra de peças para o conserto do tomógrafo do hospital da cidade de Maravilha, Santa Catarina. Outra iniciativa foi a doação de 100 cestas básicas para o Fundo de Solidariedade da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), destinado às periferias de São Paulo.

Já a Nestlé – a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo, presente em 190 países – realizou uma doação de 330 máscaras para os produtores rurais da região de São José do Rio Pardo (SP), que fornecem vegetais frescos para a produção de papinhas e produtos culinários fabricados na unidade regional. No total, foram 55 pessoas beneficiadas. Além disso, a empresa se comprometeu a manter o volume de compra e coleta de leite de 1.600 fazendas diretas e 10 mil indiretas, garantido assim o fluxo financeiro de toda a cadeia e a renda a cerca de 20.400 famílias envolvidas nessa produção.  

Na cadeia do café, os traders continuam comprando e vendendo café verde, garantindo a liquidez do mercado local e mantendo o suporte, de forma estritamente remota, aos produtores. Assim, é possível garantir a renda e o trabalho de 18 mil famílias de forma direta nas diferentes regiões produtoras. Na cadeia de fornecimento de vegetais, frutas e cereais, estão mantidas as compras de propriedades rurais, garantindo o abastecimento das fábricas.

O Sistema FAEMG/SENAR, em Minas Gerais, já doou mais 30 mil máscaras de proteção contra o coronavírus. No total, serão 50 mil equipamentos de proteção entregues no meio rural. Na primeira etapa da campanha, no começo de maio, foram entregues 20 mil máscaras de tecido para trabalhadores que atuarão na colheita de café, cana e grãos.

“Apesar de estarmos aqui e não termos contato com quem vive fora, precisamos nos proteger”, disse Cláudia Silva, moradora de Monte Verde, que ganhou a primeira máscara do Sistema FAEMG/SENAR. Para o produtor de hortaliças Alexandro Juliate, de Lavras, a iniciativa vai ajudar muito. “Precisamos trabalhar, mas com segurança é muito melhor”.

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Ainda em Minas Gerais, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio da comissão ‘ABCZ do Bem’, entregou mais de 3.230 quilos de alimentos não perecíveis a entidades filantrópicas de Uberaba. A doação faz parte de uma série de ações desenvolvidas pela comissão com foco no combate à pandemia do novo coronavírus e auxílio a instituições impactadas pela atual crise.

“Essa é mais uma ação de responsabilidade social da nossa entidade, pois temos acompanhado os impactos dessa crise sem precedentes em todo o mundo. Entendemos que se cada um fizer a sua parte, conseguiremos passar por tudo isso de maneira menos traumática”.

Rosália Curado Machado – presidente da ‘ABCZ do Bem’

A entidade também doou cerca de 220 mil itens, como máscaras, luvas, toucas e óculos de proteção, além de centenas de litros de álcool em gel, para profissionais de saúde de entidades de âmbito federal e municipal. Foram beneficiados os pronto-atendimentos da região o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

A Saudali lançou recentemente a campanha solidária ‘Juntos, Abraçamos mais Gente’, com objetivo unir pessoas, empresas, marcas e instituições no combate ao coronavirus. A empresa entregou meia tonelada de carne suína ao Hospital da Baleia, localizado em Belo Horizonte (MG), que tem prestado atendimento aos pacientes com a Covid-19, e a outra parte dos alimentos foi destinada à Santa Casa de Misericórdia.

Empresários e entidades de Mato Grosso mostraram que a união de forças é o caminho para vencer o novo coronavírus. São diversas frentes de trabalho, desde a produção de álcool 70%, doação de máscaras e Equipamentos de Proteção Individual (EPI), pizzas para profissionais de saúde e da segurança, até alimentos para a população mais carente. O Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool MT) já doou, por meio de suas associadas, mais de 217 mil litros de álcool 70%.

“Cada um de nós tem que fazer a sua parte para ajudar no combate ao coronavírus. Além dessa doação, estamos fazendo um trabalho interno com nossos colaboradores para a prevenção da doença”, pontuou Silvio Rangel, presidente do Sindalcool MT.

Outro setor importante para a economia do Estado, o de algodão, também contribuiu com ações de combate à pandemia. “A Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão importou 500 mil máscaras de uso médico, 320 mil de uso civil e 100 mil máscaras do tipo KN95. Além disso, foram adquiridos dois mil escudos faciais, quatro mil roupas protetivas e cinco mil óculos de segurança. Parte dessas aquisições já foi entregue ao Governo do Estado”, informou o presidente da Ampa, Paulo Sérgio Aguiar.

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Flores e leilão no combate a pandemia

As cooperativas Veiling e Cooperflora, o Instituto Brasileiro de Floricultura e a Prefeitura Municipal de Holambra (SP), presentearam os profissionais da saúde como forma de reconhecimento ao trabalho da área da saúde junto à população. Os funcionários do Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp) foram surpreendidos pela chegada de carrinhos e mais carrinhos de flores e plantas ornamentais, doadas pelos produtores de Holambra – a região de Holambra é responsável por 45% da comercialização nacional de flores e plantas ornamentais.

Foram entregues cerca de 420 vasos de cyclamens, tulipas, cúrcumas, callas, azaleias, crisântemos, orquídeas Phalaenopsis, celósias, antúrios e kalanchoes, além de, aproximadamente, 200 maços de flores de corte, como rosas, lírios e alstroemerias.

“Estamos vivendo um momento difícil, principalmente para os profissionais da saúde. Nossa intenção é trazer a alegria, a harmonia das cores e a beleza das flores e plantas para a casa dessas pessoas que passam a maior parte do dia dentro do hospital”, explica Mattheus Yeda, diretor técnico do Ibraflor e responsável pela entrega junto com o produtor Eddy Sleutjes. A equipe do hospital encarregou-se de distribuir as flores aos funcionários da linha de frente que estavam trabalhando no momento da entrega.

E teve até um leilão virtual dos produtores rurais para captar recursos para ajudar hospitais na guerra contra a pandemia da Covid-19. A iniciativa foi do grupo de WhatsApp G-Agro Rio Preto, de São José do Rio Preto, no interior paulista. Além de animais e produtos agro, foram colocados à venda outros objetos, como uma camisa autografada de Pelé da Copa de 1970, quando o Brasil foi tricampeão mundial. Já o cantor sertanejo Zezé Di Camargo autografou e doou um dos violões que utiliza em seus shows. Todo o dinheiro arrecadado foi destinado para a compra de respiradores, máscaras, luvas, aventais e outros materiais para serem usados nas santas casas e lares de idosos de municípios do interior de São Paulo.

“Um de nossos objetivos é contribuir para que iniciativas como esta se multipliquem em todo o país, de modo que sejam arrecadados fundos nacionalmente para ajudar na guerra que estamos travando contra o novo coronavírus”, salienta Antonio Cabrera Mano Filho, médico veterinário, empresário rural e ex-ministro da Agricultura, que informa que ao menos outros 20 leilões, nos mesmos moldes, já foram organizados. “O agronegócio está mostrando sua força e capacidade de mobilização para ajudar a quem precisa”, finaliza.

Bruno Faustino

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