Cafeicultoras contam como é a rotina durante a pandemia do novo coronavírus
A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina nas cidades e também no interior. Em São Gabriel da Palha, noroeste do Espírito Santo e regiões vizinhas, as mulheres que integram o Núcleo Feminino da Cooabriel tiveram que readaptar as suas atividades com o isolamento.
Antes do distanciamento social, elas interagiam em diversas atividades que o núcleo, que já existe há dez anos, proporcionava. Em dias de quarentena, utilizam a criatividade para descobrir novos dons e se apoiar mutuamente.
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O contato diário entre elas acontece por meio da internet. Em um grupo de cerca de 60 mulheres, elas falam das ações da propriedade, conversam, aconselham, encorajam, trocam receitas, fazem reflexão, compartilham poesias, dicas, apresentam solidariedade e muito apoio. A maioria delas também está diretamente envolvida com a colheita de café, que já teve início na região.
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Luzia Castellan Martinelli, do Sítio Busato, em São Domingos do Norte, tenta priorizar as atividades na lavoura e com a família para minimizar as consequências causadas pelo isolamento. “Tem sido muito difícil toda essa situação. Estamos mantendo o distanciamento das outras pessoas, até mesmo da própria família, pois na propriedade isso é possível. Não estou recebendo visitas. Se preciso ir à rua, peço aos meus filhos. Procuro não ficar tanto tempo dentro de casa, pois estamos em período de colheita”, disse.
A rotina de cuidados também inclui a saudade dos familiares para a integrante do núcleo feminino da cooperativa Nádia Manfioletti Cuquetto. Ela vive com a família no Sítio Encantado e não está podendo visitar os pais, que fazem parte do grupo de risco. “Mantenho meu foco nas atividades do dia a dia, fazendo marmita, cuidando da secagem do café, ajudando na colheita, estudando e acompanhando meus filhos nas atividades enviadas pela escola ”, contou.
Durante a colheita o trabalho em família se tornou ainda mais forte nas propriedades dos associados da Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel. É o caso da propriedade da cafeicultora Rosângela Mota de Souza Ribeiro. “Iniciamos a colheita sem trabalhadores de fora, apenas familiares e vizinhos. Trabalhamos com muito cuidado, com álcool em gel e cada um com seus utensílios”, reforçou.
Ao priorizar o isolamento para se proteger do vírus, algumas mulheres estimulam alguns dons e a criatividade. Cleide Aparecida Lovo Bissoli, do Sítio Bissoli, em São Gabriel da Palha, trabalha na colheita durante a semana e nos momentos de folga se dedica ao crochê. “Conduzimos a safra com a família e no final de semana faço crochê. Ir na cidade só para o necessário, nem na comunidade estamos indo. O isolamento está difícil, pois gosto de estar perto de muita gente”, disse.
Marilsa Will Verneki, que vive no Sítio Córrego Catete, em São Domingos do Norte, também atua na colheita do conilon e evita ao máximo ir na cidade. “O procedimento familiar e com outras pessoas está sendo em contato por telefone ou internet. Quando tem que ser pessoalmente uso máscaras e mantendo distância de no mínimo um metro”, afirmou.
A nova coordenadora do Núcleo Feminino, Jocelina Araújo Cuquetto, do Sítio Belo Sono, em São Mateus, utiliza todas as medidas de proteção e coloca projetos da propriedade em dia, como o apoio dos trabalhos na cultura da pimenta e a organização do setor de secagem do café. Também planeja construir um terreiro suspenso para cafés especiais. Em seu trabalho como terapeuta, ajuda muitas pessoas e realiza também terapias na agricultura para buscar equilíbrio das lavouras. “Já ganhamos até concursos com o café recebendo esse tipo de tratamento”, finalizou.
Fonte: Cooabriel
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