Floricultores registram perdas de 70% nas vendas devido ao Covid-19
Foto: Arquivo / Sulcaflor
Bruno Faustino
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A pandemia de coronavírus que chegou ao Brasil já tem deixado reflexos em alguns setores do agronegócio nacional, entre eles, a floricultura. O Brasil tem cerca de 8.300 produtores, 60 centrais de atacado, entre elas, cooperativas, 680 atacadistas e prestadores de serviço e mais de 20 mil pontos de varejo. São cerca de 15.600 ha de área cultivada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) – o que coloca o país no oitavo lugar entre os maiores produtores de plantas ornamentais do mundo. Na semana passada, o setor da floricultura perdeu 70% das vendas devido ao Covid-19.
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No Espírito Santo, 17 municípios se destacam pela produção de flores, que ocupa uma área de 163 hectares. A atividade gera mais de oito mil empregos em toda a cadeia produtiva, movimentando mais de R$ 10 milhões por ano, segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). São, aproximadamente, 900 agricultores no Estado, com destaque para os municípios de Santa Teresa e Guaçuí.
“Esta primeira semana, o que tínhamos programado de venda online foi tudo cancelado. Eu tinha entrega em Alegre e Cachoeiro de Itapemirim. As vendas em pontos comerciais também foram canceladas e outras mantidas. Mas, esta semana, cancelaram tudo”
Clenilson Barbosa – presidente da Associação de Produtores de Flores e Plantas Ornamentais do Sul Caparaó (Sulcaflor)
O produtor Marcos Emílio Louzada possui uma produção de antúrios e plantas ornamentais em Guaçuí, no Caparaó capixaba, e esperava fazer algumas entregas na semana passada, mas não conseguiu. “Eu estou 100% parado. Estava iniciando uma nova rota de entregas e, com essa pandemia do coronavírus, não tenho ideia de quando retomar. Já estou vendo com os fornecedores como vou fazer com as mudas que estão chegando e está tudo muito incerto ainda”, conta o produtor.
Maior centro comercial do Brasil está com vendas suspensas
Foto: Divulgação
A cidade de Holambra, no interior de São Paulo, responde por 45% do mercado de flores do Brasil e também já sente os impactos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus. Esta semana, a Cooperativa Veiling Holambra, um dos mais importantes centros comerciais de flores e plantas ornamentais do país, que abriga mais de 400 produtores, teve em seus pátios os sinais da queda brusca do mercado por meio da sobra das flores e plantas não comercializadas no leilão. O motivo: a determinação do governo do Estado para cancelamento de todos os eventos que provocassem a aglomeração de pessoas, o que inclui formaturas, casamentos, aniversários, simpósios, seminários e até cursos. Um cenário que impactou diretamente em seu pregão diário, registrando sobras de até 40%, o que fez com que a Cooperativa Veiling suspendesse temporariamente seu leilão diário.
“Todos os setores serão afetados com a pandemia do coronavírus. Nossa missão, hoje, é contribuir para aliar os transtornos que essa doença está provocando na vida das pessoas e reduzir, ao máximo, as perdas”
André van Kruijssen – diretor executivo da Veiling
CAMPANHA – Para tentar reduzir as perdas, o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) se uniu às duas principais cooperativas nacionais (Veiling e Cooperflora – ambas em Holambra), para formar um comitê de crise a fim de monitorar os impactos causados pelo covid-19.
Os integrantes farão reuniões constantes para análise do mercado, tomada de decisões e traçar ações estratégicas para refrear os impactos no mercado consumidor de flores e plantas e estimular o consumo individual, entre elas, uma campanha, iniciada nas redes sociais e que será ampliada para outras formas de mídia, visa informar os consumidores sobre “o poder da flor e das plantas”, destacando como elas promovem o bem-estar, celebram a vida, resultam em sorridos e geram emoções.
“Nesse momento no qual estamos recebendo tantas notícias tristes, queremos mostrar para as pessoas que é importante trazer a natureza, por meio das flores e plantas, para suas vidas. Elas nos ajudam a manter o equilíbrio e a combater o estresse, além de umidificar o ar de nossas residências. Vamos incentivar as pessoas a usarem desse poder das plantas, que são um verdadeiro alimento para a alma”, diz Thamara D’Angieri, gerente de Marketing e Comunicação da Cooperativa Veiling Holambra.
DIA DAS MÃES – Uma das principais datas para o setor, o Dia das Mães, tem preocupado os produtores, já que será afetará direta e indiretamente diversos profissionais e empresas de todos os elos da cadeia comercial e produtiva.
“Não há, ainda, como saber a reação do mercado nos próximos meses. Tudo dependerá do avanço ou do controle da doença”, analisa André van Kruijssen, diretor executivo da Veiling.
Apenas em 2019 foram criados 209 mil postos de trabalho no setor de floricultura no país, sendo que 54% dessas vagas são no varejo, 39% na produção, 4% no atacado e 3% em outras funções.
“O segmento da floricultura emprega milhares de pessoas e diversas famílias têm nele seu sustento. É hora de pensar em atitudes que nos permitam dar confiança e esperança a estes milhares de pessoas”, finaliza Thamara.
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