Marcas de pão de forma deveriam ter alerta de produto alcoólico

Foto: Freepik

Sliced fresh brown bread on white background. High quality photo

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste, e parte do grupo Euroconsumers, revelou que seis marcas de pão de forma possuem uma quantidade de álcool em sua formulação superior ao permitido.

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O estudo intitulado “Tem álcool no seu pão de forma?” alerta para os potenciais danos à saúde humana, especialmente para crianças, lactantes e gestantes, que podem estar expostos ao risco de síndrome alcoólica fetal. Além disso, motoristas que consumirem os produtos, podem estar cometendo crime de trânsito.

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O projeto analisou as dez marcas de pão de forma mais vendidas no Brasil: Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman. Entre essas, seis apresentaram níveis de álcool acima do esperado, enquanto apenas Plusvita e Pullman passaram em todos os testes. Segundo informou o portal UOL, as fabricantes afirmam seguir protocolos de segurança e qualidade, e ressaltam que não foram notificadas sobre o estudo, nem tiveram acesso à metodologia, impedindo comentários específicos sobre os resultados.

De acordo com a Proteste, se os pães fossem bebidas, pela legislação, seis dessas marcas seriam consideradas alcoólicas. É que, no Brasil, para que uma bebida seja considerada como não alcoólica ela deve conter um teor máximo de etanol de 0,5%. Mas, o número vai além desse limite entre os alimentos das seguintes marcas:

  • Visconti (3,37% de teor alcoólico);
  • Bauducco (1,17% de teor alcoólico);
  • Wickbold 5 zeros (0,89% de teor alcoólico);
  • Wickbold sem glúten (0,66% de teor alcoólico);
  • Wickbold leve (0,52% de teor alcoólico);
  • Panco (0,51% de teor alcoólico)

Ainda de acordo com o relatório, é possível supor que consumir apenas duas fatias do pão de algumas marcas poderia resultar em uma leitura positiva no teste do bafômetro. Para chegar à essa conclusão, o estudo considerou os limites listados como seguros pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), que define que as taxas devem ser abaixo de 3,3g de álcool.

De acordo com o estudo, embora a fermentação na fabricação de pães converta açúcares em álcool, os altos níveis encontrados nos produtos resultam do uso excessivo de conservantes para prevenir mofo e manter a integridade do pão.

Além disso, segundo a Proteste, se fossem medicamentos fitoterápicos, também seria necessário haver advertências nas embalagens. De acordo com as diretrizes pediátricas europeias, o valor limite para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos, sem a advertência, é de 6 mg por quilo de peso corporal para crianças. Nesse caso, as únicas marcas que não ultrapassaram o limite foram a Plusvita e Pullman, do grupo Bimbo.

Segundo Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste, o mais preocupante em relação a esse cenário é a falta de informação para os consumidores. Para a associação, os produtos deveriam conter em suas embalagens avisos de que possuem álcool em sua composição, o que não acontece atualmente.

O consumidor não sabe o que está ingerindo. Temos a certeza de que esses produtos com elevado teor alcoólico seriam evitados por numerosos consumidores – seja por motivos de saúde, orientação religiosa e outros – se fosse de seu conhecimento, explicou.

Após a descoberta, a Proteste enviou um ofício com os resultados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A entidade sugeriu a implementação de um percentual máximo de álcool, como 0,5% conforme os parâmetros apresentados no relatório, e a programação de ações de fiscalização dos teores de conservantes antimofo e álcool, após regulamentação.

O QUE DIZEM AS MARCAS

Wickbold e Seven Boys

“O Grupo Wickbold, que detém a marca de mesmo nome e a Seven Boys, reforça que todas as receitas de produtos, assim como todas as áreas da empresa, seguem protocolos de segurança e qualidade, com o mais alto teor de controle, bem como cumpre toda a legislação vigente, dentro dos parâmetros impostos pelas normas estabelecidas.

Como a fabricante não foi notificada sobre o referido estudo e a metodologia utilizada, não é possível qualquer manifestação sobre ele. Contudo, após ter acesso ao mesmo e a metodologia empregada, poderá prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários, confirmando o legado de ética, transparência e respeito às pessoas que mantém há 86 anos”.

Panco

“A Panco é uma empresa com mais de 70 anos de presença no mercado brasileiro e que sempre teve sua atuação pautada pela conduta ética e compromisso com a qualidade de seus produtos, bem como com a saúde e segurança de todos os seus públicos.

A companhia atesta a adoção de práticas totalmente alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e o cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos.

Para assegurar esses padrões, a companhia possui rígidos controles de qualidade (internos e envolvendo fornecedores externos), além de estabelecer mecanismos criteriosos de homologação de seus fornecedores de matérias-primas.

A respeito do estudo da Proteste, a Panco informa que não foi notificada em nenhum momento pelo responsável pelo levantamento, desconhecendo, portanto, sua metodologia. Além disso, esclarece que não utiliza etanol na fabricação do pão, mas que ele pode resultar do processo de fermentação, sendo que os resíduos não intencionais são aceitos pelas normas e legislações vigentes.

A empresa reitera o seu compromisso com a qualidade de seus produtos e está empenhada em realizar análises complementares para entender os pontos levantados e avaliar a necessidade de eventuais adaptações em seus processos.

A Panco também esclarece que seus produtos chegam, nas grandes lojas, até no máximo 48 horas depois de produzidos, garantindo a maciez, frescor e sabor que os consumidores merecem”.

Bauducco e Visconti

“A Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, esclarece que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes.

Priorizando a qualidade de seus produtos, a Pandurata respeita as Normas de Boas Práticas de Fabricação e destaca que seus cuidados começam com uma criteriosa seleção de fornecedores se estendendo por todas as etapas de produção”.

CURIOSIDADES

Sabia que alguns pães têm mais teor alcoólico do que deveriam?

Toda fabricação de pães passa por fermentação, quando os açúcares da massa são fermentados e transformados em álcool etílico e gases. Grande parte desse álcool evapora no forno, mas um relatório recente mostra que, quando chega ao consumidor, alguns pães contêm teores alcóolicos preocupantes.

Se os pães fossem bebidas, algumas marcas seriam consideradas alcoólicas

Para que uma bebida seja considerada como não alcoólica, a legislação brasileira determina que ela deve conter um teor máximo de etanol de 0,5%. O estudo mostra que alguns pães brasileiros deveriam ter um aviso na embalagem: “CONTÉM ÁLCOOL”.

Se algumas marcas de pães fossem produtos alcoólicos, não passariam no teste do bafômetro

Considerando os índices do DETRAN, a quantidade segura de álcool no organismo (circulando no sangue) seria abaixo de 3,3g de álcool. Ou seja, ao consumir apenas duas fatias de alguns produtos, isso pode aparecer no bafômetro.

Se fossem medicamentos fitoterápicos, seria necessário haver advertências nas embalagens

Muitas crianças tomam medicamentos fitoterápicos, produzidos a partir de plantas. De acordo com as diretrizes pediátricas europeias, o valor limítrofe de advertência para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos é de 6 mg/kg de peso corporal para crianças.

Fonte: Portal UOL

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